quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

O primeiro PERIGO

Nesse post vou comentar o primeiro dos 10 perigos do evolucionismo teísta
Os outros 9 serão discutidos no post a seguir (sugiro que você comece pelo outro post, depois venha para cá... mas se quiser fazer na ordem, sinta-se a vontade)
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1)Interpretação da natureza de Deus.

Esse primeiro "PERIGO" da saudável conciliação entre fé Cristã e a teoria Evolutiva merece uma discussão mais prolongada, não por ser ele genuinamente perigoso, mas por ser exatamente neste ponto que a compreensão de muitas pessoas tem que se estender um pouquinho além (não além da Bíblia, mas além do que pensamos como Cristãos).

Bem, o argumento é o seguinte: "O Deus do evolucionismo teísta escolheu a forma mais desajeitada e cruel para moldar suas criaturas e criar as diferentes espécies. Milhões de anos, mortes de grupos inteiros de animais decorreram antes que Deus pudesse achar uma criatura "à sua imagem e semelhança" e lhe dar alma e espirito. Isso tudo não é coisa que um Deus 100% BOM e 100% amoroso faria, logo evolucionistas teístas tem uma idéia erronea da natureza de Deus". O argumento é interessante (bem mais que os outros), e é amplamente utilizado tanto por criacionistas como por ateus.

Charles Darwin, ao análisar a Biologia de uma vespa parasitóide (cujo ciclo de vida envolve colocar o ovo em um outro inseto para que a larva, ao eclodir do ovo consuma o inseto hospedeiro vivo de forma lenta e dolorosa), chegou à conclusão de que "um Deus de amor simplesmente não poderia ter criado aquele bicho". Poderiamos, a partir daí, entrar numa discussão bacana a respeito de teologia natural e sua validade hoje. Mas não é ai que quero chegar. O que eu quero dizer é que o Cristianismo tem uma resposta Ótima para a condição e o sofrimento humanos (contida lá em Gênesis), mas uma resposta que eu considero fraca para a condição e o sofrimento animal. A Bíblia fala muito pouco a respeito (faz sentido se pensarmos que animais não sabem ler), Paulo em sua Epistola aos Romanos (capítulo 8), menciona uma criação que foi submetida à vaidade (quero voltar mais tarde para esse importante trecho Bíblico). Fora Paulo, e o comentario de Darwin que citei, me recordo que C. S. Lewis aborde esse tema em um capítulo de seu livro "O Problema do Sofrimento".

Bem, mas qual é, afinal de contas, a visão Cristã "tradicional" (e por tradicional estou me referindo à "aquela que eu mais ouço por aí") a respeito do estado e da condição de todo o resto da Criação?

É mais ou menos assim: "O Éden era perfeitamente harmônico e todos os animais eram herbívoros, não havia nenhuma relação ecológica desarmônica como predatismo ou parasitismo além da herbivoria. Com a queda do homem, as consequências do pecado se espalharam por TODA a criação afetando drasticamente seu modo de vida e introduzindo a morte e todas as relações aberrantes entre seres vivos."

Essa visão levanta algumas questões interessantes e dificeis de responder:

1)PORQUE?

Se o "Deus evolucionista" não parece muito amoroso a primeira vista, o "Deus criacionista" não me parece muito justo, condenando toda a vida de um planeta aos mais terríveis sofrimentos por conta de uma única espécie. Posso muito facilmente entender a contaminação pelo pecado e seu poder destrutivo. Mas as consequencias me parecem por demais arbitrárias. Porque as vespas de Darwin, por exemplo acabaram com um modo de vida tão repugnatnte aos nossos olhos? Por que observamos em algumas espécies habitos que para nós são tão terríveis? Canibalismo, parasitismo etc?

2)Como?

De que forma a queda afetou criaturas como bactérias patogênicas, virus (que são obrigatóriamente parasitas), nematódeos parasitas, carrapatos etc? De que forma ela afetou genes cuja mutação pode causar doenças? De que forma ela afetou transposons? Sera que eles não existiam antes da queda? São também eles frutos do pecado? Alguém consegue imaginar uma tênia de vida livre e herbivora? Por que terrível transformação teria ela passado para se tornar um parasita que vive dentro do intestino de seres humanos e outros animais?

3)O que fazer com a Criação decaída?

Se todas as relações predatórias entre seres vivos são fruto exclusivo do pecado, se a competição é fruto exclusivo do pecado, então os Cristãos devem, ao observar um bosque ou uma floresta se dar conta que estão vendo o mais horrível exemplo de decadência e morte que pode ser observado! Pense na floresta amazônica. A cada segundo ali toda sorte de ser vivo está brutalmente lutando pela sobrevivencia! Plantas "brigam" por um espaço ao sol, insetos comem uns aos outros e correm para não serem eles mesmo comidos, roedores se escondem para não serem predados e sofrem com ataques de carrapatos e pulgas. O dever do Cristão seria então cimentar toda aquela "vil nódoa de pecado"? Essa visão teologica é, para mim, total e absolutamente inaceitável!

Vejo que o dificil não é conciliar Deus à evolução! O díficil (como sempre), é conciliar Deus ao sofrimento (nesse caso, não o sofrimento humano, mas aquele imputado à criação)! Vejo que temos que rever nossos pensamentos não "por causa da evolução", mas à luz do que temos descoberto uma vez que as respostas que temos não parecem bastar.

Mas vamos analisar melhor o problema. Em primeiro lugar, não estariamos tomando uma visão antropocêntrica da coisa toda? Estamos julgando os habitos e modos de vida das criaturas como mais ou menos "terríveis" como se elas fossem humanas! Elas não o são! De fato, para nós a visão de uma zebra sendo atacada e devorada por um bando de leões famintos na savana pode parecer terrível. Mas para os leões não, e nem mesmo para as zebras! Eles não tem idéia do que seja "terrível"

O exemplo mais "repugnante" de um comportamento animal de que tenho noticia é o dos tubarões mangona. Algumas espécies deles praticam a adelfofagia. O que é isso?

Bem, a coisa é mais ou menos assim: Os tubarões copulam e a mamãe tubarõa é vivipara (os ovos se desenvolvem dentro da mãmae e a cria sai da mãe jã "nadando", o animal portanto não bota ovos. É "parecido" com o que ocorre nos mamíferos só que sem a parte da amamentação). A mamãe tubaroa tem váaaaaarios tubaroezinhos na pança, só que não há vitelo (alimento) suficiente para todos eles lá dentro (ela não possui uma placenta bacana como as nossas mamães um dia tiveram). O que acontece a seguir? Um dos tubaroezinhos se desenvolve antes dos outros dentro da pança da mamãe e devora os irmãozinhos lá dentro mesmo!

Imagine isso acontecendo com seres humanos? Seria possivel para o papai e para a mamãe que pensaram que iam ter filhos gemeos, ou mesmo trigemeos, amar o único filho sobrevivente de uma luta canibal intra-uterina?

Só que, mais uma vez, tubarões mangona não são gente! O que para nós é terrível para eles é perfeitamente normal! É o modo que eles acharam para se perpetuar e viver! Não podemos julgar isso como "terrível" ou "horroroso".

E o Deus que criou tudo? Como não "interpretar erroneamente a sua natureza" como fez Darwin?

A única resposta que vejo é partir de uma perspectiva maior! É partir de uma perspectiva evolutiva!

O habíto de vida dos tubarões mangona não é terrível, não é consequencia das faltas de uma espécie de ser vivo com a qual este tubarão mal tem contato (a esmagadora maioria dos tubarões mangona nunca viu um ser humano e vice versa). É meramente a resposta que esta espécie encontrou para viver, para se perpetuar, e ela é curiosa e única. E o Deus que criou essas possibilidades (um Deus de possibilidades sem dúvida), é um Deus grandioso, um Deus que sustenta a vida mesmo apesar da morte, mesmo atráves da morte! Será que isso é um interpretação erronea da natureza do Deus que se deixou crucificar em nome do Amor e da Vida? Acho que não.

E assim é a evolução das espécies! Ela não traz morte, ela perpetua a vida mesmo apesar de todos os revéses!

Imaginem que o Bush, em seu ultimo ato como presidente dos EUA, resolvesse jogar napalm por TODA a floresta amazônica! Ele pode não pode? Ele iria então se achar igual Deus com o pleno poder de destruição que só o presidente dos EUA TEM! E ele conseguiria? Ele conseguiria elimar TODA a vida? Graças a evolução podemos dizer: Não!
Ele até poderia jogar napalm por tudo, matar milhoes de milhoes de espécies, a maioria das quais nunca foi nem descrita (não estou brincando). Mas eu digo com esperança e louvando AO SENHOR MEU DEUS! Algo iria sobreviver (muito provavelmente uma barata ou um mosquito), a vida ia se safar, mesmo da destruição e do mal. E não apenas se safar, ela iria se perpetuar! A vida, mesmo apesar de todas as tratas iria responder o chamado de se perpetuar e encher a terra. E ela iria se adaptar e se manter! Pode levar milhões de anos, Deus espera, mas algum dia toda aquela vida iria se fazer NOVA!

Evolução é mais uma a prova de que Deus esta do lado da Vida, de que Ele faz NOVAS todas as coisas. Mais do que Criador, Ele é Criador e mantenedor de toda a vida. Lembra do que Paulo disse lá em Romanos 8:20-23? Acho que a minha visão da criação está de acordo com o que Paulo disse também! De que a Criação foi sujeita à vaidade; de que a criação geme como em dores do parto (dores que doem pra burro, mas que no fim das contas trazem VIDA); de que a criação, como nós, espera o dia em que tudo isso vai acabar, o dia em que nos libertaremos das ultimas tretas trazidas a nós pela decadência graças ao Senhor Jesus Cristo!

Darwin estava errado! Quem criou aquela vespa foi um Deus de Amor no final das contas. Não é necessário esquecer da Bíblia para se aceitar "a luta pela sobrevivência" no mundo natural. Porque da luta de morte pela qual a vida passa, graças a evolução, surge a vida e o novo. A morte do coração, essa é problematica, essa precisa de ser resolvida.

Talvez precisemos pensar melhor a respeito de nossos conceitos de harmonia ao nos referirmos do mundo natural, talvez tenhamos que olhar de um jeito novo para alguns trechos Bíblicos, não para descartar seus ensinamentos, nem para "adquá-los ao mundo", mas, pedindo Sabedoria ao Espirito, para entendermos melhor toda a Criação e o Deus que a Criou. sempre através da Sua Palavra Viva, sempre através do que a Criação refletir de seu Deus.
Continue aqui, lendo o resto dos perigos.
Paz de Cristo

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