terça-feira, 27 de janeiro de 2009

HOFFNUNG VS GLAUBE


Quem volta e meia se engendra pelas intermináveis e nauseantes discussão “teísmo X ateísmo”, que geralmente têm como campo de batalha a rede, já ouviu aquela definição pejorativa de fé: “Fé é a crença na ocorrência do improvável mesmo na total ausência de evidência ou em posse de evidências contrárias a tal ocorrência”.

Tal declaração automática e não refletida geralmente é respondida, de forma ainda mais automática e não refletida, com Hebreus 11:1: “a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem”. E é verdade, existem diferenças sutis e claras entre as duas definições. Se me pedissem para aponta-las, não sei se conseguiria, agora tenho pensado bastante sobre essas definições aí.

“Fé é a crença na ocorrência do improvável mesmo na total ausência de evidência ou em posse de evidências contrárias a tal ocorrência”. Descobri que existe algo de muito verdadeiro nesta definição pejorativa de fé. De alguma forma a mente racional de qualquer teísta se ofende com o seu tom sarcástico: “Meu, nada a ver!”, ao mesmo tempo em que uma fagulhinha dentro de nós não parece ligar muito para a tal definição: “Bem... sim... Ê?”

Descobri então que a definição cima, não é péssima! Ao contrário, é ótima! Mas existe um detalhe de suma importância, um equívoco que, embora simples, possui conseqüências bastante grandes. Não se trata da definição de fé. É a definição de esperança!

Isso mesmo! Cá eu, creio que a esperança seja precisamente: “a crença na ocorrência do improvável mesmo na total ausência de evidência ou em posse de evidências contrárias a tal ocorrência”. Ou melhor: “a crença na ocorrência do improvável independentemente das evidências e/ou probabilidades”. Isso, eu acho, é uma péssima definição de fé, mas uma excelente definição de esperança!

Logo de cara se nota! Não é mais uma definição pejorativa. Você pode receber alguns insultos por ter uma fé cega. Mas uma esperança cega é quase que algo sagrado. O camarada pode passar o dia insultando a fé. A esperança é um conceito quase que intocável.

Conheço casos demais de gente que luta contra doença, alguns sem muita perspectiva. Os caras aqui do laboratório não ficam uma semana sem fazer um joguinho na mega-sena. Os Corinthianos esperam ansiosamente a estréia do Ronaldo Gordinho, e esperam que ele jogue no Paulistão como jogou um dia na Europa. Isso tudo é esperança! Isso tudo se encaixa muito bem na minha definição. Algumas dessas esperanças são vãs, outras são muito importantes. Mas são todas esperanças e nenhuma delas é reprovável. A esperança não olha a contingência, não olha o mundo, não liga. Ela, ora espera (como os Corinthianos esperam), ora age (como o Marcio e o Waldir aqui do laboratório que ficam horas a elaborar as mais intrincadas combinações para levar a mega-sena). A esperança é “a crença na ocorrência do improvável mesmo na total ausência de evidência ou em posse de evidências contrárias a tal ocorrência”. E isso, amiguinhos, é humano e é bom

Do outro lado temos a fé, que quando fecha os olhos pode ser perigosa causando preconceito, impulsionando homens bomba e movendo coisas diferentes de amor. Isso por que a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se veem.

Para o Cristão, a Fé é o que fundamenta a sua esperança (seja o agir, seja o esperar), e é a prova daquilo que não se vê! Para o Cristão a fé tem os olhos bem, bem abertos para toda a contingência. A fé vê o mundo, a fé vê as tretas, as coisas erradas, o terrível e dialoga com tudo isso! Como? 1) Com Amor agindo sempre com longanimidade e mansidão para o BEM e para a Vida e 2) Com Esperança! Sabendo que o futuro traz possibilidades e que Deus prometeu Justiça e Paz. Nada de tretas, nada de sisos inclusos, nada de morte. Se me pedem para explicar minha fé eu consigo, se me pedem para explicar minha Esperança, não.

A Esperança é cega, alguma coisa dentro da gente produz essa esperança tão alheia à realidade. Dizem por ai que ela é a última que morre e eu acredito. E sem essa esperança não se vive, não se tem porque.

A fé não é cega, para mim ela é crítica. Esta todo tempo explicando o mundo e por ele sendo explicada (ou não), sempre buscando o Transcendente, buscando, inutilmente conhecer aquilo que é indefinível. Leituras e re-leituras da Palavra de Deus, reflexões conversas e discussões. E é a Fé que fundamenta a Esperança do Cristão.

É isso aí amiguinhos.

Quero dedicar esse post: à todo pessoal do Y!Respostas (especialmente aos amigos do Gatosão), também à Nê e aos amigos aqui do instituto! Acho que nenhum deles vai ler isso aqui, mas não importa mesmo. Que róle uma esperança.
.

Fiquem na Paz de Cristo

Amo vocês

4 comentários:

Marie Curie disse...

Aparentemente antagônico, creio que a fé estimula o estudo do inacançável. Estudar a Deus, seus feitos e o amor dele por nós. Impossível compreende-lo em todas suas faces? Certeza que sim, mas a fé é combustível para isso tudo!

Muito bem escrito, Emi! E to fazendo propaganda sua no divã, hein? hahuhau!

Bjus da Marie!

Emiliano M disse...

Obrigado Marie pela propaganda!
e sim: A Fé estimula o estudo do inalcançável.

Paz

Marie Curie disse...

E de nada pela propaganda, sabe, as meninas andam comentando lá no divã sobre os seus comentários! Estão adorando!

Emiliano M disse...

Puxa vida, que bom! vou buscar comentar lá no "Divã" sempre que minha opinião for útil

Paz