domingo, 22 de agosto de 2010

Meteorito

Tô pra lá da metade do livro ‘Milagres’ do C. S. Lewis.
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Muito bom sem dúvida, profundo e edificante, mas até aqui (e principalmente nos primeiros capítulos do livro) não pude deixar de franzir o cenho para algumas premissas e argumentos do autor. Nos capítulos subsequentes ele se aprofunda e a gente vê aqueles argumentos claros e cativantes que, volta e meia, servem como principio para reflexão, característicos do Lewis. Mas aquelas franzidas de cenho permanecem, um tanto indigestas. Isso não é de surpreender, claro. C.S. Lewis, do mesmo jeito que todo mundo, ás vezes falava besteira (de fato, o estranho seria encontrar um camarada que concordasse com tudo que o professor, estimado no meio Cristão, propusesse, sem criticas, ressalvas ou desenvolvimentos posteriores).

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A tal indigestão não veio em discodar do Lewis, mas naquela impressão engraçada de um mesmo ponto de vista abordado em seus aspectos distintos causando confusão. Não sei se o leitor já sofreu desse mal entendido, mas eu já (ok,ok, talvez eu seja meio retardado), e explico. Imagine duas pessoas discutindo um certo assunto e discordando veementemente entre sí. Até um certo momento em que ambas realmente “prestam atenção” no argumento uma da outra e percebem que, apesar deles verem e estarem abordando o assunto a partir de perspectivas totalmente diferentes, eles não discordam em nada (ou quase nada), acerca das conclusões a que estão chegando. Por conta do vocabulário, background, ilustrações ou exemplos distintos que as duas pessoas estão usando, há aparência de discórdia, mas colocado o argumento claramente na mesa, as diferenças somem ou se resumem a detalhes (é verdade que as vezes os detalhes são muito importantes). Bem... As vezes isso acontece comigo ok!

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Com o “Milagres”, talvez a solução do mal entendido tenha vindo exatamente com um poema escrito pelo próprio Lewis que jaz na primeira página do livro e que eu não havia visto até estar pra lá da metade do livro. O poema é bonito e toda essa introdução foi para dizer que vou transcreve-lo aqui. Para mim foi uma surpresa lê-lo, algo como “ahhh, então é isso? Bem, eu concordo com isso!!”. No geral ‘Milagres’ tá legal, tem argumentos sensacionais e também algumas coisas com as quais não concordo, não tô achando tão legal quanto ‘Problema do Sofrimento’ ou “Os Quatro Amores”, mas vale muito a pena ler.
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Vaí aí o poeminha.
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Meteorito
(C. S. Lewis)
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Entre colinas, um meteorito,
Com musgo a cobri-lo, imenso se guarda,
Os ventos e as chuvas com toques benditos
Da rocha os contornos, abrandam com calma.
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Assim pode a Terra tão fácil sorver
As cinzas das chamas do véu sideral,
E pode a visita lunar envolver,
Como ao nativo de um feudo real
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Nem é de estranhar que tais caminhantes,
No seio da Terra encontrem seu lar,
Pois cada partícula nela constante
Primeiro surgiu do espaço estelar.
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Tudo que é Terra já foi céu um dia;
Do sol do passado a Terra surgiu,
Ou de alguma estrela talvez erradia
Que perto demais do Sol explodiu.
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Se gotas tardias então inda caem,
Do espaço celeste neste chão criador
É que ainda aqui opera uma força do além,
A alegre torrente de chuva e esplendor
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Paz

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

A Sabedoria dos Parasitas, por Carl Zimmer

Mais um texto traduzido. Este é do Carl Zimmer. É meio antigo mas eu achei muito legal. Tirado DAQUI











Eu tenho o hábito de colecionar contos de parasitas da mesma forma com que algumas pessoas colecionam ‘action figures’. Tendo preenchido todo um livro com tais contos, eu pensei ter ‘completado toda a coleção’. No entanto, até agora eu havia deixado passar a o terrível e glorioso espetáculo protagonizado pela vespa Ampulex compressa.




Enquanto adulta, Ampulex compressa é semelhante as demais vespas, zunindo por aí e se reproduzindo. Mas as coisas começam a ficar esquisitas quando chega a hora de botar um ovo. Ela, primeiramente, encontra uma barata para servir de hospedeiro para o ovo e procede aplicando 2 ferroadas extremamente precisas na barata sem sorte. A primeira delas é aplicada na região mediana da barata, causando paralisia nas suas pernas dianteiras. A breve paralisia causada por essa primeira picada dá a vespa tempo precioso para que ela possa aplicar uma ferroada mais precisa na cabeça.




A vespa insere seu ferrão através do exoesqueleto da barata diretamente no interior de seu cérebro. Ela aparentemente se utiliza de sensores ao longo da lateral do ferrão para guia-lo, de forma mais ou menos semelhante a um cirurgião encontrando seu caminho até um apêndice inflamado através de uma laparoscopia. A vespa então continua a sondar o cérebro da barata até localizar um ponto em particular que aparentemente é responsável pelo controle do reflexo de fuga. Ela injeta um outro veneno que influencia estes neurônios de tal forma que o reflexo de fuga desaparece.




Visto de fora, o efeito é surreal. A vespa não paralisa a barata. Na verdade, a barata é capaz de levantar suas pernas dianteiras novamente e andar. Mas agora ela é incapaz de se mover por conta própria. A vespa toma uma das antenas da barata e a guia – nas palavras de um cientista israelita que estuda Ampulex – como um cachorro na coleira.




A barata-zumbi vai onde seu mestre a guia, tal lugar acaba, invariavelmente, sendo a toca da vespa. A barata adentra obedientemente na toca e espera calmamente enquanto a vespa sela a entrada da toca com pequenosenos seixos. A vespa então se volta para a barata mais uma vez e bota um ovo na sua região ventral. A barata não oferece resistência alguma. O ovo se choca, e então a larva através de mordidas, abre um buraco na lateral da barata. E procede para dentro do seu pobre hospedeiro.




A larva cresce dentro do seu hospedeiro, devorando seus órgãos internos, durante uns 8 dias. Ela então está pronta para se fechar em seu casulo – o que também ocorre no interior da barata. Depois de mais 4 semanas, a vespa se desenvolve em sua forma adulta. Ela se liberta do seu casulo, da mesma forma, saí da barata. Observar uma vespa adulta saindo de forma subita de dentro de uma barata traz a memória aquele filme ‘Alien’.




Eu acho essa vespa fascinante por diversas razões. Uma delas é que ela representa uma transição evolutiva. De novo e de novo, organismos de vida livre se tornaram parasitas, se adaptando a seus hospedeiros com delicada precisão. Caso você observe os hábitos de um parasita completo, pode ser difícil imaginar como ele pode ter evoluído de alguma outra coisa. Ampulex nos oferece algumas pistas, por que ela existe entre os mundos do parasitismo e da vida livre.




Ampulex não é técnicamente um parasita, mas tem um hábito de vida conhecido como ‘exoparasitóide’. Em outras palavras, um adulto de vida livre bota ovos externamente em relação a um hospedeiro e então a larva rasteja para dentro do hospedeiro. Podemos imaginar sem dificuldade os ancestrais da Ampulex como vespas que botavam ovos próximo a insetos mortos – como algumas espécies fazem hoje. Estes ancestrais carniceiros com o tempo evoluíram e se tornaram vespas que atacavam hospedeiros vivos. Da mesma forma, não é difícil visualizar uma vespa semelhante à Ampulex evoluindo e se tornando um parasitoide completo que injetam seus ovos diretamente no interior de seus hospedeiros, como muitas espécies fazem ainda hoje.




E tem também a ferroada. Ampulex não tenciona matar a barata. Ela não tem a intenção sequer de paralisar o animal da forma como aranhas e cobras fazem, uma vez que ela é muito pequena para arrastar uma barata grande e paralisada até sua toca. Então, ao invés disso ela apenas reprograma a rede neural da barata extirpando a sua motivação. Seu veneno faz mais do que transformar baratas em zumbis. Ele também altera o seu metabolismo, de forma que sua tomada de oxigênio cai para um terço do normal. Os cientistas israelitas descobriram que eles podem diminuir a taxa de consumo de oxigênio em baratas injetando substancias paralisantes ou removendo neurônios –os mesmos que a vespa inutiliza com sua ferroada. Mas eles conseguiram realizar apenas uma rude imitação; as baratas manipuladas desidratavam rapidamente e morriam em seis dias. O veneno da vespa de alguma forma faz com que seu hospedeiro fique em animação suspensa e ao mesmo tempo, saudável, mesmo enquanto a larva parasitoide o devora de dentro para fora.




Cientistas ainda não entendem como Ampulex realiza tais façanhas. Parte da sua ignorância é devida ao fato de que cientistas ainda tem muito para aprender acerca de sistema nervoso e metabolismo. No entanto milhões de anos de seleção natural permitiram que a Ampulex se tornasse capaz de realizar ‘engenharia reversa’ no seu hospedeiro. Seria interessante que nós seguíssemos o mesmo caminho, e ganhássemos a perspicácia dos parasitas.





É isso aí


Paz de Cristo

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Idade do universo, um filminho









Filminho excelente refutando alguns argumentos do Adauto Lourenço. Muito bom!





Tirado DAQUI.



Paz de Cristo

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Gravidade, evolução e dogma religioso (tradução de um texto do Michael Zimmerman)





Depois de muito tempo com o blog parado, li um texto que vale a pena traduzir (e explicar algumas coisinhas), trata-se de um texto do Michael Zimmerman, fundador e diretor do Clergy Letter Project, tirado DAQUI.
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Involuntariamente, estou certo, Eric Verlinde pode ter providenciado um momento definitivo para o Discovery Institute[1] , e outros grupos, que professam que seus ataques à evolução são levados adiante em nome da ciência ao invés de constituírem um mecanismo para promoverem suas respectivas crenças religiosas estreitas e sectárias.


Verlinde é um físico de renome internacional que publicou recentemente um artigo no qual ele levanta uma questão provocante: a gravidade realmente existe? Como Dennis Overbye explicou no New York Times:


“Para mim a gravidade não existe”, disse o Dr. Verlinde, que esteve recentemente nos Estados Unidos com a finalidade de se explicar. Não que ele não seja capaz de cair, o que ocorre é que o Dr. Verlinde está entre os físicos que proclamam que a ciência têm visto a gravidade por um ângulo errado, e que existe algo mais básico do qual a gravidade “emerge”, da mesma forma que o mercado de ações emerge do comportamento coletico de investidores individuais ou que a elasticidade emerge do comportamento de átomos.


E o que isso tudo tem a ver com a posição do Discovery Institute em relação a evolução?


A ligação é, na verdade, bastante clara. Seu grito de protesto, adotado pela 'Texas State Board of Education'; a legislação do estado de Louisiania e seu governador Bobby Jindal ; bem como diversos outros estados norte-americanos, é justamente que estudantes deveriam aprender as “forças e fraquezas” de teorias cientificas. Eles adotaram esse lema como um meio de esconder suas reais intenções – trazer design inteligente/criacionismo para as aulas de ciência.


Caso eu esteja equivocado acerca de suas reais intenções, nós iremos ver, dentro de pouco tempo, o Discovery Intitute lutando para que os conselhos escolares alterem totalmente o currículo básico de Física. Mas eu não estou contando com isso.


É interessante notar que, diferentemente de virtualmente todos que atacam evolução, Verlinde é parte do ‘mainstream’ da comunidade cientifica, e que suas idéias inovadoras estão sendo publicada na literatura cientifica em artigos revisados por pares. Mais do que isso, Verlindo não está só em questionar o que sabemos acerca da gravidade. De fato, a comunidade de físicos foi incapaz de explicar adequadamente o mecanismo da gravidade. Alguns, em sua maioria proponentes da teoria das cordas, supõe a existência de partículas sem massa que eles nomearam ‘graviton’ e afirmam que ela seria responsável por mediar a força da gravidade, uma força que teria alcance ilimitado. Outros simplesmente ignoram a hipótese da existência de tal partícula.


E ainda assim, até agora, não houveram protestos acerca da maneira como nossas crianças vêm aprendendo física em geral e, em particular, gravidade.


Os mecanismos da evolução, por outro lado, são compreendidos já há um bom tempo, observados e medidos. Os ataques na teoria evolutiva estão vindo de fora da comunidade cientifica, por pessoas que não conduzem ativamente pesquisas no campo, por pessoas que, invariavelmente, possuem um viés atrelado a uma agenda ligada a uma instituição religiosa.


Será que isso significa que nós atualmente sabemos todo o possível acerca de evolução? É claro que não! A literatura cientifica está repleta de artigos fascinantes que levam adiante nosso conhecimento nesse campo, questionando quais mecanismos evolutivos tomam precedência sob diferentes condições ambientais, e dando suporte experimental para diversas idéias.


Além disso, por conta dos, aparentemente, infindáveis ataques à evolução provenientes daqueles que consideram este conceiro cientifico ofensivo por conta de pressuposições religiosas, sociedades cientificas ao redor do mundo têm dado suporte através de declarações afirmando a importância de se pesquisar e ensinar evolução. 68 academias de ciência, por exemplo elaboraram conjuntamente uma declaração acerca do ensinio de evolução que deixa absolutamente claro que não existe controvérsia cientifica acerca de evolução. Essas academias representam países tão diversos como os Estados Unidos, a Albania, a Belgica, o Canada, a Holanda, o Sri Lanka e o Zimbabue, só para citar alguns.


Nos Estados Unidos, a 'American Anthropological Association', a 'American Geological Institute', a 'American Institute for Biological Sciences', a 'Botanical society of America' e a ' Society for Neuroscience', juntamente com um conjunto de outras organizações de alto nível, produziram declarações semelhantes. O fato é que, independentemente do que o Discovery Institute e outros grupos semelhantes possam afirmar, não existe qualquer controvérsia dentro da comunidade cientifica acerca da centralidade e importância da teoria evolutiva.


Ainda assim, a opinião de experts ainda não teve o efeito de ater aqueles que atacam a evolução. Ao invés disso, eles afirmam que cientistas são parciais e que os alunos merecem coisa melhor. Estou ciente que os recentes questionamentos acerca da gravidade citados acima provavelmente não irão alterar a natureza de tais ataques. Por outro lado, estou esperançoso, que eles possam providenciar uma oportunidade para auxiliar o público a reconhecer o real significado por detrás da demanda constante para que conselhos escolares reformulem seus currículos para permitir que estudantes vejam “os dois lados da história” e a tática sectária que ela representa.


Caso o Discovery Institute não aborde a incerteza cientifica da teoria gravitacional da mesma forma com a qual tem abordado evolução, então poderemos nos voltar para uma das grandes filosofas do nosso tempo para aconselhamento. Como Desi Arnaz da série “I Love Lucy” disse de forma pré-ciente, o Discovery Institute tem “algumas explicações para dar”[2].


[1] O Discovery Institute é um think tank conservador norte-americano baseado em Seattle, Washington, mais conhecido pela sua defesa do design inteligente e de sua campanha Ensine a controvérsia que propõe a discussão daquilo que entende ser as deficiências da Teoria da Evolução nas aulas de ciências do sistema público de ensino dos Estados Unidos da América, Definição concisa tirada do Wikipedia.


[2] Não saquei nem a referencia nem o trocadilho por isso traduzi literalmente mesmo esse finalzinho, pode ter ficado meio estranho e/ou confuso.


é isso aí


Paz de Cristo

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quarta-feira, 19 de maio de 2010

Numa reportagem da 'Christianity Today", Karl Giberson dá dicas sobre como os proponentes do design inteligente serem levados a sério pela comunidade cientifica. Pra resumir o discurso do homem, a idéia principal é: se o DI quiser ser levado a sério, tem que se levar a sério. Propaganda, marketing, livros como 'Signature in the Cell' ou "A caixa preta de Darwin", não vão contar pontos se o DI não conseguir ser (como até o momento não é) uma idéia cientifica fértil.

Karl Giberson escreve:


"Eu adoraria ver o design inteligente redirecionando suas energias para desenvolver uma idéia geniunamente fértil. Parem de tentar provar que Darwin causou o holocausto ou que a evolução está controlando a civilização ocidental. Cheguem unanimamente à conclusão de que a terra é antiga, uma vez que isso é cientificamente comprovado. Não chamem cientistas de renome internacional de ‘picaretas’, como Meyer deixa implícito no seu livro “Signature in the Cell”. Não afirmem que a evolução esta entrando em colapso, uma vez que todos os pesquisadores no meio sabem que não está. Parem de afirmar que vocês não conseguem ter seus trabalhos publicados em revistas convencionais uma vez que vocês não submetem artigos para elas.

Em vez disso, arregacem as mangas e comecem a trabalhar na grande idéia. Desenvolvam-na até o ponto onde ela comece a gerar novos insights acerca da natureza de forma que nos saibamos mais por conta do seu trabalho. Então a academia ira recebe-los de braços abertos. A ciência adora rebeldes."



Tirado DAQUI e DAQUI


Paz de Cristo

domingo, 11 de abril de 2010

Qual era a rusga de Lutero com a 'transubstânciação'

Não faço isso geralmente, mas irei transcrever neste post uma pergunta que fiz e algumas respostas que obtive no YahooRespostas. Pode parecer meio bobo, mas achei as respostas transcritas abaixo muito instrutivas e completas e que merecem divulgação neste espaço. Veja a pergunta AQUI
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Minha questão:
Estou lendo "Do Cativeiro Babilônico da Igreja", e, pelo que pude entender do que Lutero fala acerca da doutrina da 'transubstanciação', me pareceu que ele não nega que o corpo de Cristo esteja presente na comunhão. Ele apenas não aceita o embasamento 'aristotélico' da tal doutrina, que separava a 'substância' do pão de seus 'acidentes'. Durante a administração do sacramento, segundo a doutrina, a substância do pão se tornaria o corpo de Cristo, enquanto os acidentes (forma, cheiro, gosto etc) se manteriam como sendo característicos do pão.
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Então, queria saber se eu viajei grandão, ou se é isso mesmo. Ou ainda se Lutero mais tarde mudou sua opinião.
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Resposta 1:



Meu caro Emiliano, Paz e Bem !
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Existem duas questões aqui, a primeira é que Lutero negava a Transubstanciação das espécies, que para nós [Católicos] é a presença real do Cristo nas espécies, alterando-lhes a substância , mas não a aparência. Ou seja, o pão e o vinho se transformam no corpo e no sangue de Jesus Cristo, embora na aparência continuem pão e vinho.
Santo Tomás de Aquino descreve isto bem no Hino que compos para a festa de Corpus Christi chamado " Adoro te devote", que traduzido do latim é assim:
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Eu vos adoro devotamente, ó Divindade escondida,
Que verdadeiramente oculta-se sob estas aparências,
A Vós, meu coração submete-se todo por inteiro
Porque, vos contemplando, tudo desfalece.
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A vista, o tato, o gosto falham com relação a Vós
Mas, somente em vos ouvir em tudo creio.
Creio em tudo aquilo que disse o Filho de Deus,
Nada mais verdadeiro que esta Palavra de Verdade.
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Na cruz, estava oculta somente a vossa Divindade,
Mas aqui, oculta-se também a vossa Humanidade.
Eu, contudo, crendo e professando ambas,
Peço aquilo que pediu o ladrão arrependido.
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Não vejo, como Tomé, as vossas chagas
Entretanto, vos confesso meu Senhor e meu Deus
Faça que eu sempre creia mais em Vós,
Em vós esperar e vos amar.
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Ó Jesus, que velado agora vejo
Peço que se realize aquilo que tanto desejo
Que eu veja claramente vossa face revelada
Que eu seja feliz contemplando a vossa glória.
Amem
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Lutero acreditava na "Consubstanciação", ou seja, não acreditava na transformação das espécies em corpo e sangue do Cristo, embora acreditasse na presença real, que segundo ele, convivia com os acidentais.
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Mas Lutero não acreditava na Missa como renovação do sacrifício do Cristo, que se realiza exatamente na Eucaristia, e, além disto, os ministros luteranos não eram ( e continuam não sendo) , sacerdotes . Lutero não admitia o sacramento da Ordem, para ele o sacerdócio é universal, e não restrito a alguns que , como nós [Católicos] cremos, receberam o Espírito Santo na ordenação presbiteral o que os legitima para agir "in persona Christi", ou seja, agem como Cristo no ato da consagração, independentemente de seus pecados pessoais. Assim sendo, o pastor luterano não recebe o sacramento para poder agir na pessoa de Cristo na consagração das espécies. Porque sua autoridade não deriva da sucessão apostólica, que legitima o clero católico como herdeiros últimos dos primeiros, e que foram consagrados pelo Espírito Santo, e transmitiram a outros, e não a todos, a unção sacerdotal , que é derivada do sacerdócio real de Jesus.

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Um abraço
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RESPOSTA 2:
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Estimado Emiliano,

Muito interessante sua pergunta. Lutero defendeu a presença corporal de Cristo na Ceia do Senhor ou Santa Ceia.
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Em 1529, houve o chamado "Colóquio de Marburgo", na Alemanha, onde os protestantes alemães e os reformados suiços procuraram definir uma Confissão comum de Fé. Do lado alemão, os principais eram Lutero e Melanchthon. Do lado dos reformados, Zwinglio, de Zurich, Ecolampadio, de Basileia, e Bucer, de Estrasburgo (esta entre Alemanha e França). Conseguiu-se um Acordo entre 14 pontos de doutrina, não se conseguiu acordo sobre a Ceia do Senhor. Zwinglio defendia a intgerpretação simbolico-memorialista, Lutero, a interpretação realista. Conta-se que Lutero, no auge da discussão com Zwinglio, escreveu na mesa ou no quadro, em latim, a frase "Isto é o meu corpo". Nem o cordato Bucer conseguiu uma conciliação.
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João Calvino, reformador de Genebra, que adere à Reforma cerca de 1533 ou 34, depois da morte de Zwinglio em campo de batalha (1531) vai defender a presença espiritual de Cristo na Ceia do Senhor, interpretação essa que vai prevalecer nas igrejas reformadas da França, Holanda, Suiça e nas Igrejas presbiterianas.
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A interpretação de Lutero ficou conhecida como "consubstanciação", o corpo de Cristo está presente "em, sob e com o pão". Na verdade, alguém já havia proposto essa idéia antes de Lutero. Antes da influência de Aristóteles na Escolástica não se usava o termo transubstanciação. Assim, não se justifica que apenas essa idéia seja a continuidade da Igreja do primeiro milênio. Os ortodoxos, por exemplo, usam, por vezes, o termo transmutação, com um sentido não exatamente igual ao de transubstanciação. Ambrósio de Milão, que batizou Santo Agostinho, era realista, acreditava na presença corporal de Cristo nos elementos da Ceia. Seu posicionamento pode ser reivindicado por católicos, luteranos e ortodoxos!
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Bem, gostaria de lembrar que creio que comungamos o verdadeiro corpo e sangue de Cristo na Ceia ou Eucaristia. Trata-se de um mistério, além de nossa compreensão racional. Tomás de Aquino também se referiu Eucaristia mais ou menos nesses termos (ver o livro "Os sacramentos na Tradição Reformada", S. Paulo, Fonte Editorial, 2005).
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Quanto à questão da sucessão apostólica levantada pelo Frei Bento [RESPOSTA 1], gostaria de lembrar que a mesma foi mantida no luteranismo nos paises escandinavos, através de bispos, bem como em algumas outras regiões. Hoje a tendência no luteranismo é a adoção do regime episcopal. Nos EUA um acordo entre luteranos e anglicanos prevê o reconhecimento mútuo das ordenações e no caso de novas ordenações deve estar presente um bispo luterano ou anglicano.
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Um abraço a todos!

Paz

quarta-feira, 7 de abril de 2010

"Você é Católico ou Evangélico"?

Estava eu andando pela rua 12 de Outubro, na feliz tarefa de comprar 'tule' (um tecido excelente para fazer telas e que pode ajudar pra fazer viveiros para insetos). Fazia tempo que não passava por aquela muvuca e o passeio levava uma certa nostalgia. De subito fui abordado por uma senhora querendo ajuda para uma sociedade assistencial. Assim que me abordou, sem mais, perguntou: "Você é Católico ou Evangélico?", quase como se, a exemplo dos jogadores do Santos Futebol Clube, a senhora fosse decidir, baseado na minha profissão de fé, se eu era digno ou não de colaborar com a tal entidade assistencial.

Vou falar, é duro ser nó cego... Hesitei! Meu primeiro impulso foi empinar o nariz encher o peito e responder "Sou evangélico" (até para ver o que a senhora iria falar a seguir, pois a sociedade assistencial que ela estava divulgando era claramente uma instituição Católica). Mas pensei: "Caramba, vai pegar mal para os meus irmãos evangélicos serem relacionados com um sem noção como eu".

Aí pensei n'uma resposta mais honesta, abaixar a cabeça e falar "minha senhora... Eu sou Corinthians..."

Por fim, com a velhinha lá esperando minha resposta, pensei no que eu deveria estar fazendo nessa vida e no Que de Verdade eu me apoiava, a minha Rocha através de mim e apesar de mim.

Olhei a senhora nos olhos e respondi: "Eu sou Cristão..."

Acabei ajudando a sociedade assistêncial com o pouco que tinha no bolso e ainda ganhei um imã de geladeira!

Paz de Cristo

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1) Chupinhado desta pergunta no Y!R

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2)A tal sociedade assistencial é a:
Sociedade Assistencial para cegos nossa senhora da Guia

Design Dectective

Graças a ESTE BLOG descobri recentemente uns videozinhos muito legais no canal do youtube de Gordon J. Glover (o cara é o autor do livro 'Beyond the Firmament'). Além de muitos filmes interessantes e instrutivos acerca de fé e ciência, existem também alguns filmezinhos com conteudo mais descontraido e ironico.

Os dois filminhos que chupinhei abaixo são sobre o 'Design Dectective' e, apesar de certo humor e ironia não deixam de retratar alguns aspectos importantes e problematicos acerca da hipotese do 'Design Inteligente".Divirtam-se





Paz

segunda-feira, 29 de março de 2010

O site do Hubble

Para me desculpar pela longa ausência, resolvi chupinhar um dos videozinhos do site do Hubble (outros filminhos podem ser vistos AQUI).
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O motivo de tal postagem é que me veio, nas últimas semanas (em meio a alguns surtos neuróticos), um súbito interesse por astronomia e coisas do tipo. Além de ter acabado de ter lido 2 livros do astronomo Carl Sagan ('Pale Blue Dot' e "Variedades da Experiência cientifica", este último é a transcrição das palestras Gifford ministradas pelo cientista). Embalado, realizei até uma visita ao Planetário do Ibirapuera. Rapaz que LEGAL é o planetário!
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Enfim, os surtos neuróticos e a loucura da vida acabaram resultando na ausencia de posts novos no blog neste último mês. Espero (mesmo) poder corrigir isso em breve.

Paz