domingo, 22 de agosto de 2010

Meteorito

Tô pra lá da metade do livro ‘Milagres’ do C. S. Lewis.
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Muito bom sem dúvida, profundo e edificante, mas até aqui (e principalmente nos primeiros capítulos do livro) não pude deixar de franzir o cenho para algumas premissas e argumentos do autor. Nos capítulos subsequentes ele se aprofunda e a gente vê aqueles argumentos claros e cativantes que, volta e meia, servem como principio para reflexão, característicos do Lewis. Mas aquelas franzidas de cenho permanecem, um tanto indigestas. Isso não é de surpreender, claro. C.S. Lewis, do mesmo jeito que todo mundo, ás vezes falava besteira (de fato, o estranho seria encontrar um camarada que concordasse com tudo que o professor, estimado no meio Cristão, propusesse, sem criticas, ressalvas ou desenvolvimentos posteriores).

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A tal indigestão não veio em discodar do Lewis, mas naquela impressão engraçada de um mesmo ponto de vista abordado em seus aspectos distintos causando confusão. Não sei se o leitor já sofreu desse mal entendido, mas eu já (ok,ok, talvez eu seja meio retardado), e explico. Imagine duas pessoas discutindo um certo assunto e discordando veementemente entre sí. Até um certo momento em que ambas realmente “prestam atenção” no argumento uma da outra e percebem que, apesar deles verem e estarem abordando o assunto a partir de perspectivas totalmente diferentes, eles não discordam em nada (ou quase nada), acerca das conclusões a que estão chegando. Por conta do vocabulário, background, ilustrações ou exemplos distintos que as duas pessoas estão usando, há aparência de discórdia, mas colocado o argumento claramente na mesa, as diferenças somem ou se resumem a detalhes (é verdade que as vezes os detalhes são muito importantes). Bem... As vezes isso acontece comigo ok!

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Com o “Milagres”, talvez a solução do mal entendido tenha vindo exatamente com um poema escrito pelo próprio Lewis que jaz na primeira página do livro e que eu não havia visto até estar pra lá da metade do livro. O poema é bonito e toda essa introdução foi para dizer que vou transcreve-lo aqui. Para mim foi uma surpresa lê-lo, algo como “ahhh, então é isso? Bem, eu concordo com isso!!”. No geral ‘Milagres’ tá legal, tem argumentos sensacionais e também algumas coisas com as quais não concordo, não tô achando tão legal quanto ‘Problema do Sofrimento’ ou “Os Quatro Amores”, mas vale muito a pena ler.
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Vaí aí o poeminha.
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Meteorito
(C. S. Lewis)
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Entre colinas, um meteorito,
Com musgo a cobri-lo, imenso se guarda,
Os ventos e as chuvas com toques benditos
Da rocha os contornos, abrandam com calma.
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Assim pode a Terra tão fácil sorver
As cinzas das chamas do véu sideral,
E pode a visita lunar envolver,
Como ao nativo de um feudo real
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Nem é de estranhar que tais caminhantes,
No seio da Terra encontrem seu lar,
Pois cada partícula nela constante
Primeiro surgiu do espaço estelar.
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Tudo que é Terra já foi céu um dia;
Do sol do passado a Terra surgiu,
Ou de alguma estrela talvez erradia
Que perto demais do Sol explodiu.
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Se gotas tardias então inda caem,
Do espaço celeste neste chão criador
É que ainda aqui opera uma força do além,
A alegre torrente de chuva e esplendor
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Paz

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