sábado, 25 de outubro de 2008

Sobre Covardia

“Face up and challenge all you ever knew since you could crawl” (Machinae supremacy- Player One)

Tenho que ser sincero. Se me disponho a falar sobre a covardia, é apenas na condição de covarde... Não sei se sou, não sei se procedo como tal ou se, ao contrário, sou um bravo. Sei das vezes em que fui covarde. Aprendo sobre a covardia e o grande mal que ela representa.

Covardia, para começo de conversa é um pecado.

Fosse eu de confissão Católica, certamente enumeraria “covardia” como um pecado capital, um pecado cabeça, um pecado que, nascendo no coração, gera e é causa de tantos outros pecados. A covardia começa guerras, acaba com casamentos, acaba com a fé e com a esperança. Percebo a covardia como causadora de tantos outros pecados considerados capitais! Covardia, por exemplo, gera a ira.

Pecados são pecados, é bem verdade (dãh), mas a covardia tem um ar particularmente vil. Para começar, a covardia ainda hoje é considerada como “pecado” ou “falta”. Mesmo num mundo que não considera mais pecados como pecados, mas como fontes de satisfação, numa época onde tudo que é bom “é ilegal, imoral ou engorda”, a covardia ainda é, de todos os atributos, o mais covarde (dãh2), e sem dúvida, um dos mais feios.

Mas o que é então a covardia que eu teimo em reconhecer tanto no coração humano? Me lembro agora dos desenhos animados de ação que assistia quando era garoto. Em muitos deles o vilão era capturado, preso, mas em outros ele quase que invariavelmente fugia de forma covarde quando as coisas ficavam pretas. Penso que a covardia seja mais do que isso. Penso que ela vá muito alem do óbvio.

SIM! Percebo, por exemplo, que muits vezes fugir pode ser um ato de estrema bravura, em outras, lutar pode ser um ato de extrema covardia!

Os kamikase japoneses chegaram ao cúmulo de fazerem da condição de martir uma condição covarde. Transformando a entrega da vida como algo “compulsório” por parte dos soldados, dos quais era esperado que preferissem a morte à ver a nação derrotada de forma tão humilhante, os japoneses não conseguiram ver que a verdadeira bravura. E a verdadeira bravura, às vezes, está em ser derrotado de forma humilhante, se prostrar diante do vencedor envolto em lágrimas, para depois se reerguer bravamente. Isso, os soldados japoneses que não cometeram kamikase (por covardia, bom senso ou bravura) puderam ver e, se pá, sentir.

Do outro lado da moeda temos o Cristianismo, que fez do ato de não revidar um ato de extrema bravura e NÃO de covardia. Cristo nos ensinou com ensinamentos e ações, 2000 anos mais tarde Ghandi e Martin Luther King Jr. Entenderam o recado e a bravura existente em virar a outra face.

Percebo ainda, que virar a outra face não é algo que se faz com o pescoço, é algo que se faz com o coração. Resignar-se não é simplesmente aguentar! Aguentar é covardia, virar a outra face é um ato voluntario: “Você me deu uma bifa do lado direito, agora por favor me de uma do lado esquerdo”. Isso é muito diferente de aguentar! Aguentar por aguentar, aguentar por ser fracóte, aguentar por costume, aguentar por preguiça... Acho que isso tudo é covardia... Os garotos resposáveis pelo massacre de Columbine em 1999 não “viraram a outra face”, eles simplesmente aguentaram, aguentaram, aguentaram... Até que um dia não aguentaram mais e resolveram agir... Agir covardemente

Enfim, o Cristianismo é essa crença “debilóide”, onde os pobres de espírito ganham o Reino dos Céus, e que nos convida a nos levantarmos contra tudo o que tem de errado, mau e podre nesse mundo, nem que seja só para tomar uma bifa e virar a outra face! Nesse sentido, a frase da banda Machinae supremacy -que possui claras convicções ateistas- pode muito bem resumir um bom naco do cerne do que é seguir Jesus Cristo: “enfrente e confronte tudo aquilo que você sempre conheceu desde que aprendeu a rastejar”. Os Cristãos são exortados a enfretar tudo isso que sempre foi conhecido e reconhecido como sendo grades, prisões, vícios, correias e grilhões! E enfrentar isso, NÃO é tretar, não é socar, não é gritar TRUCO!

É algo que se pode fazer em silêncio, com os dentes cerrados
É algo que se pode fazer enquanto luta ou enquanto foge
É algo que se pode fazer sozinho ou acompanhado
É algo que se pode fazer (vejam só) pendurado numa cruz...
Paz de Cristo

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