terça-feira, 18 de agosto de 2009

STOP : A destruição do mundo







Hoje na lanchonete do ICB tive a infelicidade de deitar os olhos num informativo (parecido com um jornalzinho) de divulgação gratuita: “STOP A Destruição do Mundo”. Ainda não sei que grupo está por detrás da coisa toda, mas acho que seria legal que eu tirasse algumas linhas do meu blog para falar mal do jornalzinho. Eu explico o porquê.

O jornal aparentemente faz um belo esforço para divulgar uma ‘nova idéia de medicina’ de que todas as enfermidades sofridas pelo ser humano (inclusive cáries e gripe-suina) têm origens nos desequilíbrios internos de cada pessoa.

Eles explicam que toda essa história (descrita como uma ‘teoria errônea’) de que micróbios causam doenças, ganhou força nas idéias materialistas de Augusto Comte. Um paradigma reducionista físico, segundo eles, facilitou a ampla disseminação e aceitação das tais idéias ‘errôneas’ de Pasteur.

A coisa toda vai além. Segundo a publicação, essa idéia de Pasteur ‘estancou todo o desenvolvimento da humanidade, que colocou a causa de todos os problemas de saúde em uma etiologia mentirosa que nada tem a ver com a realidade’.

Bem, Pasteur parecia ser um cara legal, porque ele mentiria dessa forma? O STOP responde! “A idéia de Pasteur foi criada erroneamente para vender medicamentos”.

O que realmente ocorre para gerar doenças, segundo o STOP, é : “1) Por causa dos maus sentimentoe e idéias, as células são deformadas.; 2)Em seguida, os microzimas (partículas) se transformam em vírus e bactérias.; 3)Provando que as doenças vêm do interior e não de fora como dizia Pasteur.”

Meu comentário:

Logicamente, fatores psicológicos e psicossomáticos tem muito a ver com a saúde do individuo. Mas ao dizer que eles são a única e principal causa. E que doenças não tem nada a ver com microorganismos externos, os caras do STOP trocam toneladas de evidências empíricas provadas e comprovadas (vacinas, só pra citar um exemplo), por uma hipótese ‘esquisita’ para o desenvolvimento de doenças.

Você já tinha ouvido falar da tal hipótese das microzimas? Bem... Nem eu. Falando cientificamente, isso não interessa. Caso a hipótese seja valida e possa ser comprovada, pesquisadores na área de microbiologia e medicina podem estar na beira de uma verdadeira revolução cientifica. No entanto, não ouço falar de muitos artigos sobre ‘microzimas’ sendo publicados em revistas cientificas. E o aparente silêncio do meio cientifico a cerca da hipótese mostrada no jornalzinho ‘STOP’ nos aponta que, provavelmente, ela é, de fato, uma idéia tão idiota quanto parece.

Os defensores das microzimas teriam, é claro, uma defesa na ponta da língua: “O meio cientifico está contaminado por uma visão materialista dogmática, eles se recusam a ver os dados de outra forma! Ademais os lucros das vendas de remédios são um grande incentivo para que eles se calem a respeito da ‘teoria rival’ das microzimas”. Infelizmente, essa defesa da uma idéia totalmente errada de como a ciência atua e funciona - e de que pesquisadores ganham dinheiro* - De fato, quem conseguir experimentalmente demonstrar as tais microzimas; que elas, a partir de stress mental se transformam e causam enfermidades, tem muito, muito a ganhar na carreira cientifica (estou falando de prêmios nobel), todo cientista na área medica daria um braço para conseguir tal experimento (caso ele seja –fosse- possível). Ainda mais se fosse de forma tão cabal e elegante quanto a que Pasteur comprovou a existência de microorganismos.

Talvez você já tenha sacado onde quero chegar. Particularmente não me daria ao trabalho de escrever algumas linhas no meu blog acerca de um informativo que eu não sei de onde veio e que - tudo indica – não vai pra lugar nenhum. Mas o STOP é particularmente didático em mostrar exatamente a ‘receita de bolo’ para criar e divulgar uma pseudociência. Não é difícil identificar todos os seus elementos no jornalzinho: As afirmações de que o meio cientifico, enviesado e/ou mal intencionado, propaga idéias errôneas e busca adequar o conhecimento cientifico a uma ‘agenda’. Esse ‘viés cientifico’, segundo eles, acaba causando a hipótese ‘alternativa’ a ser ignorada. Os defensores da ‘hipótese alternativa’ são então vistos como os ‘verdadeiramente revolucionarios’ lutando contra o dogmatismo cientifico enferrujado. E, finalmente, sob escrutínio, se percebe que essa tal ‘hipótese alternativa’ é baseada em dados obscuros e questionáveis e ignora um montão de trabalhos científicos comprovados e fatos empiricamente corroborados.

Não sei pra vocês, mas para mim isso tudo soa particularmente familiar...

Quando o assunto é “como funciona a natureza”, a melhor tática ainda é buscar na própria criação as resposta. E a maneira menos tosca de se fazer isso, me parece, é o método cientifico, mesmo com suas limitações. A parte mais bacana é que esse método abre os braços para tudo que é questionamento e critica e se propõe a discutir e testar as mais diferentes idéias. O STOP nos mostra que passar por cima daquilo que nós podemos (graças a Deus) descobrir/espremer da natureza a cerca de como ela funciona, pode ficar parecendo meio ridículo, e até chegar a ser danoso e/ou perigoso (fico imaginando se alguém para de tomar vacina ou escovar os dentes por causa desse informativo irresponsável que atribuí a ocorrência de varíola e caries ao estado de espírito do paciente).

No final das contas, acho que podemos aprender alguma coisa com "STOP A DESTRUIÇÃO DO MUNDO"

Paz de Cristo

*OK, essa piadinha veio de um biólogo, pós-graduando que trabalha com ciência básica no Brasil, por isso é exagerada e despropositada... Desconsiderem...

7 comentários:

Silas disse...

hehehehhehehehe

Vou me opor a você (não completamente) como um bom amante de psicologia.

Primeiro, algumas citações práticas: certa vez uma mulher sonhou que havia um caranguejo no seu ombro, e, algum tempo depois, surgiu nesse mesmo lugar um tumor cancerígeno(que a matou).

Segundo: todo o ano vem o virus da gripe e vários outros por aí, e nunca me afetam. Se fico gripado, passa bem rápido. Rápido o bastante para não me incomodar. Pelo contrário, num momento da minha vida em que eu estava psicologicamente fragilizado, ninguém estava com qualquer doença e eu adoeci, (ninguém contraiu minha doença) só me recuperando quando meu estado psicológico se recuperou.

O organismo tem defesas contra os mais variados tipos de antígeno e desenvolve novas formas de se defender (como você sabe). Há organismos, aliás, que se instalam no organismo numa forma preliminar e só se manifestam quando o sistema imunológico se debilita.

Observei que, na maioria das vezes, isso acontece por causas emocionais, a não ser em casos como o HIV.

Ainda assim, não deixo de ver que há pessoas com aids que não sofrem qualquer sintoma porque o vírus não se manifesta: não foram abaladas (muitas vezes) com a notícia que estão infectadas.

É comum vermos em igrejas e cultos religiosos as pessoas serem curadas sem a intervenção médica ou quando essa é considerada inútil pelo médico.(como Steve Roe, do mortification, que foi curado de leucemia e escreveu a musica dead man walking).

Pra mim isso demonstra uma ligação profunda entre as defesas do nosso organismo e o equilíbrio psicológico.

Mas são dois lados indissociáveis: o antígeno é o causador da doença, e o estado psicológico indica o sentido dela. A formação interna dos antígenos parece uma busca para comprovar um determinado pressuposto metafísico. Não aceito esse pressuposto e por isso não aceito essa idéia: Nosso organismo não cria seus próprios antígenos pelo simples fato de que uma doença é transmissível.

Não se pode prevenir a contração de uma DST ou de cárie com a força da mente, simplesmente porque o nosso sistema imunológico não é capaz de nos defender de tais ameaças (ou é?). Podemos, sim, nos livrar mais rapidamente de uma gripe, mas eu realmente não posso apoiar essa generalização absurda.

Quero ver é caboclo encher o sangue de colesterol comendo porcaria e se livrar de ataque do coração com a força da mente!

Emiliano M disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Emiliano M disse...

Está certo Silas. Não ví seu comentário como 'oposto' ao meu, apenas complementar.

Eu bem sei do papel preponderante que as nossas mentes podem ter sobre todo o nosso corpo, saúde ou doença.

Mas você mesmo disse: "Nosso organismo não cria seus próprios antígenos pelo simples fato de que uma doença é transmissível."

Cara, sou fanzão de Mortificartion e não sabia desse caso do Steve Rowe!!!! Que LEGAL! Eu chamaria esse caso particular de um milagre...

Fica na Paz Silas

Silas disse...

Seria adequado tratar a questão como sendo um milagre?

pelo que eu sei, um milagr é algo impossível de acontecer e que ainda assim acontece.

Dessa maneira, a dois séculos atrás poderiam demonstrar que uma viagem ao espaço é impossível, e até mesmo nossos satélites seriam considerados milagres.

Acho que quando nos livramos do proprio paradigma de limitação a palavra milagre se torna obsoleta.

Sobre doenças psicossomáticas eu sempre cito Cristo: vai em paz que a tua fé te salvou (na mulher com fluxo de sangue).
O erro mesmo é querer atribuir uma metafísica ou outra às curas, porque em todas as religiões acontecem curas dessa natureza.

Sobre o Steve, ele teve Leucemia e os médicos disseram que ele só tinha mais algumas horas de vida. mesmo com um transplante de medula óssea sem sucesso o cara sobreviveu.

Não consigo deixar de crer que ele mesmo se curou.

Emiliano M disse...

Hehehe.

Cá eu, fico com o pé atrás antes de usar a palavra 'milagre' para um fenomeno qualquer. Fiz menção da palavra para ver o que você me respondia!

Legal, gostei mesmo da sua opinião!!

Paz

JCarlos disse...

Concordo com você. Esse pessoal da STOP chega ao cúmulo de dizer que as vacinas são prejudiciais! Com todas as vidas já salvas, inclusive as deles mesmos provavelmente. Fazem uma mistura de ciência, religião, psicologia, psicanálise, ciência... Basta ouvir um programa deles da TV. Não chegam a lugar nenhum. Parece um grupo de gente perdida no mundo!

maria arlete disse...

Meninos, sabem pq Wall Street deita e rola encima da cabeça de todos nós? sim todos nós, da humanidade inteira. Pq achamos que pensamos tudo e na verdade pensamos tão pouquinho! Alguns como pessoas da Cita e Stop(do bem) e tb os pensantes de Wall Street (do mal) chegam mais longe e conseguem saber como funciona o ser humano de maneira mais ampla.
e aí a gente fica onde está e dançamos; no caso dos malignos do poder e do dinheiro a qualquer custo, deitam e rolam.
Um dia a gente chega lá, pelo menos estamos caminhando e buscando.
boa sorte meninos.
Maria