domingo, 23 de agosto de 2009

Mais sobre insetos


Já faz tempo quero escrever um pouquinho sobre meu apreço pelos prolificos animaizinhos conhecidos como insetos. Muitos perguntam com ironia: "por que Deus criou os pernilongos? Ou as moscas?" Mais do que justificar esses animais que parecem tão pouco interessados em serem justificados de sua chatisse. E que permanecem sendo irritantes justamente pelo fato de serem eles (e não os leões e os ursos) as verdadeiras feras indomaveis da natureza. As vezes penso em escrever um texto para tentar ensinar as pessoas a aprecia-los, mesmo os mais irritantes e nojentos.

Olhem eles mais de perto, são magnificas máquinas de sobrevivência, e são vitais para a sobrevivencia de tudo que é ecossistema na terra como o conhecemos.

Minhas reflexões vão ter que esperar um pouco, mas gostaria deixar com os leitores esse trecho do livro "A Criação" de E. O Wilson, no qual ele fala um pouquinho da importancia dos insetos. E explica, de forma terrível a apocaliptica, o que aconteceria se os insetos sumissem, de um dia para o outro da face da terra.




“Merecem mais respeito essas coisinhas minusculas que governam o mundo. A diversidade dos insetos é a maior já documentada entra todos os organismos: em 2006, o número total de espécies classificadas era de 900 mil. O número verdadeiro, somando as espécies já conhecidas e as que ainda estão por conhecer, pode ultrapassar 10 milhões. A biomassa dos insetos é imensa: cerca de 1 milhão de trilhões de insetos estão vivos a qualquer momento. Só as formigas, que talvez totalizem 10 mil trilhões, pesam aproximadamente o mesmo que todos os 6,5 bilhões de seres humanos. Embora essas estimativas ainda sejam rudimentares (falando generosamente), não há dúvida de que os insetos estão no alto da cadeia animal em volume físico total. Seus rivais na biomassa são os copepodes (minúsculos crustáceos marinhos), os ácaros (pequeninos artrópodes semelhantes a aranhas) e, bem no ápice, os incríveis vermes nematóides, cujas vastas populações, provavelmente representando milhões de espécies, constituem 4/5 de todos os animais da terra. Será que alguém acredita que essas pequeninas criaturas existem apenas para preencher espaço?

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As pessoas precisam dos insetos para sobreviver, mas os insetos não precisam de nós. Se toda a humanidade desaparecesse amanha, não teríamos, é provável, a extinção de uma única espécie de inseto, exceto 3 formas de piolhos que se aninham na cabeça e no corpo humanos. Mesmo assim, continuaria a existir o piolho-dos-gorilas, uma espécie bem próxima do parasita humano, que permaneceria disponível para perpetuar pelo menos algo próximo da antiga linhagem. Dentro de 2 ou 3 séculos, se o ser humano já tivesse desaparecido, os ecossistemas do mundo iriam se regenerar, voltando ao rico estado de quase equilíbrio existente a cerca de 10mil anos atrás – menos, é claro, as muitas espécies que levamos a extinção.

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No entanto, se os insetos desaparecessem, o meio ambiente terrestre logo iria entrar em colapso e mergulhar no caos. Imaginem os vários estágios desse cataclismo, tal como iria se desenrolar nas primeiras décadas:

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A maioria das plantas que dão flores – as angiospermas - , privados de seus insetos polinizadores, para de se reproduzir.

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Entre elas, a maioria das espécies de plantas herbáceas decresce até a extinção. Os arbustos e as árvores polinizados por insetos sobrevivem mais alguns anos, ou em alguns casos raros, até séculos.

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A grande maioria dos pássaros e outros vertebrados terrestres, privados da sua alimentação especializada de folhas, frutos e insetos, segue as plantas e caí na extinção.

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Desprovido de insetos, o solo não é revolvido, o que acelera o declínio das plants, uma vez que são os insetos – e não as minhocas, como em geral se pensa – os principais encarregados de remexer e renovar o solo.

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Populações de fungos e bactérias explodem e prosseguem no auge durante alguns anos, enquanto metabolizam o material das plantas e animais mortos, que vai se acumulando.

Os tipos de relva polinizados pelo vento e um punhado de espécies de samambaias e coníferas se alastram pela maior parte das áreas deflorestadas e depois conhecem algum declínio, a medida que o solo se deteriora.

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A espécie humana sobrevive, mas volta a viver de grãos polinizados pelo vento e de pesca marinha. Porém, com a fome generalizda durante as primeiras décadas, as populações humanas decaem para uma pequena fração de seus níveis anteriores. As guerras pelos controle de recursos cada vez mais escassos, o sofrimento, o declínio tumultuado para um barbarismo da idade das trevas seriam sem precedentes na história humana.

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Apegando-se a sobrevivência em um mundo devastado, e aprisionados em uma verdadeira idade das trevas do ponto de vista ecológico, os sobreviventes iriam rezar implorando a volta das plantas e dos insetos." (E. O Wilson).


Paz de Cristo

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