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Paz de Cristo
Paz de Cristo
“Merecem mais respeito essas coisinhas minusculas que governam o mundo. A diversidade dos insetos é a maior já documentada entra todos os organismos: em 2006, o número total de espécies classificadas era de 900 mil. O número verdadeiro, somando as espécies já conhecidas e as que ainda estão por conhecer, pode ultrapassar 10 milhões. A biomassa dos insetos é imensa: cerca de 1 milhão de trilhões de insetos estão vivos a qualquer momento. Só as formigas, que talvez totalizem 10 mil trilhões, pesam aproximadamente o mesmo que todos os 6,5 bilhões de seres humanos. Embora essas estimativas ainda sejam rudimentares (falando generosamente), não há dúvida de que os insetos estão no alto da cadeia animal em volume físico total. Seus rivais na biomassa são os copepodes (minúsculos crustáceos marinhos), os ácaros (pequeninos artrópodes semelhantes a aranhas) e, bem no ápice, os incríveis vermes nematóides, cujas vastas populações, provavelmente representando milhões de espécies, constituem 4/5 de todos os animais da terra. Será que alguém acredita que essas pequeninas criaturas existem apenas para preencher espaço?
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As pessoas precisam dos insetos para sobreviver, mas os insetos não precisam de nós. Se toda a humanidade desaparecesse amanha, não teríamos, é provável, a extinção de uma única espécie de inseto, exceto 3 formas de piolhos que se aninham na cabeça e no corpo humanos. Mesmo assim, continuaria a existir o piolho-dos-gorilas, uma espécie bem próxima do parasita humano, que permaneceria disponível para perpetuar pelo menos algo próximo da antiga linhagem. Dentro de 2 ou 3 séculos, se o ser humano já tivesse desaparecido, os ecossistemas do mundo iriam se regenerar, voltando ao rico estado de quase equilíbrio existente a cerca de 10mil anos atrás – menos, é claro, as muitas espécies que levamos a extinção.
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No entanto, se os insetos desaparecessem, o meio ambiente terrestre logo iria entrar em colapso e mergulhar no caos. Imaginem os vários estágios desse cataclismo, tal como iria se desenrolar nas primeiras décadas:
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A maioria das plantas que dão flores – as angiospermas - , privados de seus insetos polinizadores, para de se reproduzir.
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Entre elas, a maioria das espécies de plantas herbáceas decresce até a extinção. Os arbustos e as árvores polinizados por insetos sobrevivem mais alguns anos, ou em alguns casos raros, até séculos.
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A grande maioria dos pássaros e outros vertebrados terrestres, privados da sua alimentação especializada de folhas, frutos e insetos, segue as plantas e caí na extinção.
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Desprovido de insetos, o solo não é revolvido, o que acelera o declínio das plants, uma vez que são os insetos – e não as minhocas, como em geral se pensa – os principais encarregados de remexer e renovar o solo.
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Populações de fungos e bactérias explodem e prosseguem no auge durante alguns anos, enquanto metabolizam o material das plantas e animais mortos, que vai se acumulando.
Os tipos de relva polinizados pelo vento e um punhado de espécies de samambaias e coníferas se alastram pela maior parte das áreas deflorestadas e depois conhecem algum declínio, a medida que o solo se deteriora.
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A espécie humana sobrevive, mas volta a viver de grãos polinizados pelo vento e de pesca marinha. Porém, com a fome generalizda durante as primeiras décadas, as populações humanas decaem para uma pequena fração de seus níveis anteriores. As guerras pelos controle de recursos cada vez mais escassos, o sofrimento, o declínio tumultuado para um barbarismo da idade das trevas seriam sem precedentes na história humana.
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Apegando-se a sobrevivência em um mundo devastado, e aprisionados em uma verdadeira idade das trevas do ponto de vista ecológico, os sobreviventes iriam rezar implorando a volta das plantas e dos insetos." (E. O Wilson).
Paz de Cristo
Chupinhei esse videozinho do museu de história natural da Inglaterra (cara, que site bacana!).
Ele fala um pouco sobre o grupo de animaizinhos que tem sido meu objeto de estudo nos últimos anos, os Phasmida, que também atendem pelo nome de Phasmatodea ou "Bichos-pau".
Simpaticos e bobalhões, os Phasmida estão entre os mais curiosos dos insetos. Além da impressionante semelhança desses insetos com galhos ou folhas, eles estão entre os maiores insetos vivos. O video aí em cima mostra o inseto mais longo conhecido hoje: Phobaeticus chani. Trata-se de um 'pauzão' de mais de meio metro (56,7cm, na verdade) que vive na ilha de Borneo. P. chani bate por 1cm o recorde antigo para 'inseto mais longo' até então pertencente ao Phobaeticus serratipes, outro Phasmida asiatico.
Esses aí são gigantões, a espécie com a qual eu trabalho, nativa aqui do Brasil, Phibalosoma phyllinum, não passa muito dos 20 cm, sendo que os machos chegam só a uns 15cm.
Bem... é isso aí
Paz de Cristo
Tomei a liberdade de traduzir ESSE texto escrito por Simon Conway Morris. Gostei do texto e acho que vai valer o esforço hercúleo de traduzi-lo para os leitores do blog. Talvez a tradução fique ruim, difícil de entender ou mesmo errada em certos pontos. Peço desculpas de antemão por meu amadorismo como tradutor, espero não ter judiado do texto para além de qualquer possibilidade de sua compreensão. Agradecerei efusivamente dicas e correções dos leitores que puderem ler e comparar o texto original.
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Darwin estava certo, até certo ponto
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Quando físicos falam, não apenas de um ‘universo estranho’, mas de um universo mais estranho do que somos capazes de imaginar, eles articulam um sentimento de ‘negócios inacabados’, o qual a maior parte dos neo-darwinistas sequer pensam a respeito. Diz Simon Conway Morris.
Alguém poderia se perguntar o que Charles Darwin, ou seu tenaz aliado Thomas Henry Huxley, pensariam a respeito da recente invasão de posters dirigidos aquelas pessoas que não tem nada melhor para fazer do que ficar olhando as laterais dos ônibus. Tais pôsteres agora servem para informar todo mundo de que “Deus provavelmente não existe”. (no entanto, se você continuar olhando para as laterais dos ônibus é bem capaz que você leia precisamente a mensagem oposta).
Diante dos estandartes ateístas, Darwin, eu imagino, teria resmungado um pouco e, no seu jeito característico, passado o problema adiante, para seu leal companheiro, Huxley. Este, suspeito ainda, teria discretamente lamentado que essa gente pudesse levar esse tipo de coisa tão a sério, mas provavelmente também olharia para a coisa toda como mais uma oportunidade para aprofundar sua agenda secular.
E o que há de novo? Darwinismo atingiu um ponto próximo a saturação e, entre seus devotos costumeiros existe pouca dúvida de que ele servira de base, convenientemente, para toda sorte de trocas de elogios e tapinhas nas costas entre defensores do ateísmo. No entanto, talvez agora não seja a hora de nos regozijarmos tanto naquilo que Darwin acertou – e, no que concerne em demonstrar a realidade da evolução, e que ela ocorre através de processos naturais não há o que discutir - mas sim na sua herança, em termos de ‘negócios inacabados’. Penso que é curioso ver como alguns aceitam a evolução como uma explicação total que abrange todo o universo, mesmo a despeito dos protestos, as vezes nada gentis, daqueles que a tratam como uma religião. Não se preocupe, a ciência evolutiva está certamente incompleta. De fato, a compreensão do funcionamento de um processo, nesse caso, seleção natural e adaptação, não acarreta, necessariamente, na aquisição de poderes preditivos acerca do que pode (ou deve) ser o resultado do processo, nesse caso, evolutivo. Também não é lógico presumir que simplesmente porque somos resultados de processos evolutivos – e nós claramente somos – isso possa vir a explicar nossa capacidade de compreender o mundo. Muito pelo contrário.
Mas espere um instante; todo mundo sabe que evolução não é previsível! Sim, temos uma biosfera rica e vibrante para adimirar, mas nenhum produto-final é mais provável (ou improvável) que outro qualquer. A sapiência cientifica explica com sua ladainha característica: mutações ao acaso, extinções em massa catastróficas e outros ‘mega-desastres’, micróbios super virulentos, tudo isso assegura certa linearidade na ‘caminhada do bêbado’, em comparação ao incessante turbulência observada na história da vida. Então não é de surpreender que quase todos os neo-darwinistas insistem que os resultados do processo – e isso incluí você e eu – são uma casualidade fortuita. Sendo assim, não será surpreendente se, por exemplo, alguém encontrar seres vivos em algum planeta distante com a capacidade de voar, mas certamente que não serão pássaros. Talvez possa ser dito que todos os sistemas vivos se desenvolvam com base em uma organização celular, mas quem ousaria prever o surgimento dos cogumelos? No entanto as evidências apontam para uma direção diametralmente oposta a esta descrita a cima! Pássaros evoluíram pelo menos duas vezes, talvez até quatro vezes. O mesmo ocorre com os cogumelos. Ambos estão entre os exemplos menos familiares de convergência evolutiva.
Simon Conway Morris
*A versão original traz escrito:”... theory ran into the buffers”. Não faço idéia do que seja “run into the buffers”, tive que inferir o significado.
Paz de Cristo
Hoje na lanchonete do ICB tive a infelicidade de deitar os olhos num informativo (parecido com um jornalzinho) de divulgação gratuita: “STOP A Destruição do Mundo”. Ainda não sei que grupo está por detrás da coisa toda, mas acho que seria legal que eu tirasse algumas linhas do meu blog para falar mal do jornalzinho. Eu explico o porquê.
O jornal aparentemente faz um belo esforço para divulgar uma ‘nova idéia de medicina’ de que todas as enfermidades sofridas pelo ser humano (inclusive cáries e gripe-suina) têm origens nos desequilíbrios internos de cada pessoa.
Eles explicam que toda essa história (descrita como uma ‘teoria errônea’) de que micróbios causam doenças, ganhou força nas idéias materialistas de Augusto Comte. Um paradigma reducionista físico, segundo eles, facilitou a ampla disseminação e aceitação das tais idéias ‘errôneas’ de Pasteur.
A coisa toda vai além. Segundo a publicação, essa idéia de Pasteur ‘estancou todo o desenvolvimento da humanidade, que colocou a causa de todos os problemas de saúde em uma etiologia mentirosa que nada tem a ver com a realidade’.
Bem, Pasteur parecia ser um cara legal, porque ele mentiria dessa forma? O STOP responde! “A idéia de Pasteur foi criada erroneamente para vender medicamentos”.
O que realmente ocorre para gerar doenças, segundo o STOP, é : “1) Por causa dos maus sentimentoe e idéias, as células são deformadas.; 2)Em seguida, os microzimas (partículas) se transformam em vírus e bactérias.; 3)Provando que as doenças vêm do interior e não de fora como dizia Pasteur.”
Meu comentário:
Logicamente, fatores psicológicos e psicossomáticos tem muito a ver com a saúde do individuo. Mas ao dizer que eles são a única e principal causa. E que doenças não tem nada a ver com microorganismos externos, os caras do STOP trocam toneladas de evidências empíricas provadas e comprovadas (vacinas, só pra citar um exemplo), por uma hipótese ‘esquisita’ para o desenvolvimento de doenças.
Você já tinha ouvido falar da tal hipótese das microzimas? Bem... Nem eu. Falando cientificamente, isso não interessa. Caso a hipótese seja valida e possa ser comprovada, pesquisadores na área de microbiologia e medicina podem estar na beira de uma verdadeira revolução cientifica. No entanto, não ouço falar de muitos artigos sobre ‘microzimas’ sendo publicados em revistas cientificas. E o aparente silêncio do meio cientifico a cerca da hipótese mostrada no jornalzinho ‘STOP’ nos aponta que, provavelmente, ela é, de fato, uma idéia tão idiota quanto parece.
Os defensores das microzimas teriam, é claro, uma defesa na ponta da língua: “O meio cientifico está contaminado por uma visão materialista dogmática, eles se recusam a ver os dados de outra forma! Ademais os lucros das vendas de remédios são um grande incentivo para que eles se calem a respeito da ‘teoria rival’ das microzimas”. Infelizmente, essa defesa da uma idéia totalmente errada de como a ciência atua e funciona - e de que pesquisadores ganham dinheiro* - De fato, quem conseguir experimentalmente demonstrar as tais microzimas; que elas, a partir de stress mental se transformam e causam enfermidades, tem muito, muito a ganhar na carreira cientifica (estou falando de prêmios nobel), todo cientista na área medica daria um braço para conseguir tal experimento (caso ele seja –fosse- possível). Ainda mais se fosse de forma tão cabal e elegante quanto a que Pasteur comprovou a existência de microorganismos.
Talvez você já tenha sacado onde quero chegar. Particularmente não me daria ao trabalho de escrever algumas linhas no meu blog acerca de um informativo que eu não sei de onde veio e que - tudo indica – não vai pra lugar nenhum. Mas o STOP é particularmente didático em mostrar exatamente a ‘receita de bolo’ para criar e divulgar uma pseudociência. Não é difícil identificar todos os seus elementos no jornalzinho: As afirmações de que o meio cientifico, enviesado e/ou mal intencionado, propaga idéias errôneas e busca adequar o conhecimento cientifico a uma ‘agenda’. Esse ‘viés cientifico’, segundo eles, acaba causando a hipótese ‘alternativa’ a ser ignorada. Os defensores da ‘hipótese alternativa’ são então vistos como os ‘verdadeiramente revolucionarios’ lutando contra o dogmatismo cientifico enferrujado. E, finalmente, sob escrutínio, se percebe que essa tal ‘hipótese alternativa’ é baseada em dados obscuros e questionáveis e ignora um montão de trabalhos científicos comprovados e fatos empiricamente corroborados.
Não sei pra vocês, mas para mim isso tudo soa particularmente familiar...
Quando o assunto é “como funciona a natureza”, a melhor tática ainda é buscar na própria criação as resposta. E a maneira menos tosca de se fazer isso, me parece, é o método cientifico, mesmo com suas limitações. A parte mais bacana é que esse método abre os braços para tudo que é questionamento e critica e se propõe a discutir e testar as mais diferentes idéias. O STOP nos mostra que passar por cima daquilo que nós podemos (graças a Deus) descobrir/espremer da natureza a cerca de como ela funciona, pode ficar parecendo meio ridículo, e até chegar a ser danoso e/ou perigoso (fico imaginando se alguém para de tomar vacina ou escovar os dentes por causa desse informativo irresponsável que atribuí a ocorrência de varíola e caries ao estado de espírito do paciente).
No final das contas, acho que podemos aprender alguma coisa com "STOP A DESTRUIÇÃO DO MUNDO"
Paz de Cristo
*OK, essa piadinha veio de um biólogo, pós-graduando que trabalha com ciência básica no Brasil, por isso é exagerada e despropositada... Desconsiderem...
There's a specter in the corner of an illustrated pageAnd a lonesome muted stripling with a rapt remedial gaze.The poverty of his language and the wealth of his emotionBring him endless murky musings and unexpected frustrationAngst and madness weave the fabric of his life.Tomorrow might be better but right now it feels like#&%#"@$#!"&*""%%75838769%("%56("5965&65"$"%423!(060_*"7534#
.(Greg Graffin, Sometimes it feels like).Bem... Semana difícil...
.Paz
"Por que ensinar um homem a odiar e temer o próximo, ensinar que ele é inferior pela cor da sua pele, ou suas crenças, ou pela ideologia política que ele segue? Ensinar que quem é diferente ameaça sua liberdade, o seu trabalho, a sua casa ou sua família. Então, estará aprendendo a tratar os demais não como cidadãos, mas como inimigos, não colaborar reciprocamente, mas sim derrotar, a ser subjugado e dominado..
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Aprendemos, por último, a vermos nossos irmãos como estranhos. Estranhos com que dividimos a cidade, mas não a comunidade. Pessoas com quem dividimos o espaço, mas sem esforço em comum. Aprendemos apenas a compartilhar o medo em comum, apenas o desejo em comum de nos afastarmos um dos outros. O impulso em comum de reagir às diferenças á força.Nossas vidas neste planeta são muito curtas. A missão a ser realizada é grandiosa demais para permitir que este espírito siga prosperando em nossa terra.É claro que a solução não é um programa de governo, nem uma votação, mas talvez possamos lembrar, nem que seja por um segundo, que os que vivem conosco são nossos irmãos, que compartilham conosco a mesma vida passageira, que eles procuram como nós, nada mais do que a oportunidade de viver suas vidas com propósito e felicidade, ganhando a satisfação e a realização que puderam..Sem dúvida, este vínculo de metas em comum pode começar a nos ensinar alguma coisa..Seguramente podemos aprender pelo menos, a olhar a nossa volta e realmente ver o próximo. Aí, podemos nos esforçar um pouco mais para curar as feridas entre nós, nos transformando de todo coração, em irmãos e compatriotas outra vez." (Robert “Bob” F. Kennedy – Discurso da vitória – Prévias eleitorais na Califórnia – 06/07/68)