quinta-feira, 6 de outubro de 2011

#WSJscience e a ciência que as pessoas veem

Na semana passada tive a oportunidade de ver pessoas se interessando por física! O grande apito era a parada dos neutrinos viajando mais rápido que a velocidade da luz. Mas houveram ainda outras notícias. Uma pessoa que eu prezo muito no twitter comentou a seguinte notícia sobre a expansão do universo.

Comentando sobre como as tais massas escuras podem explicar a expansão acelerada do universo. O papo via tweets logo migrou para os tais neutrinos e um dos comentários me chamou a atenção “de fato, quebra-se um paradigma depois do outro”.

Como sou leigo no assunto, minha curiosidade sobre o assunto é diletante, não vou comentar nada desse papo dos neutrinos.

Em vez disso vou comentar sobre essa visão de que: “nada se sabe, os paradigmas estão mudando o tempo todo então como dizer o que é verdade e o que não é?!”. Um exemplo excelente e idiota disso veio do “Wall Street Journal” e rendeu uma Hashtag no twitter ( #WSJscience ). Gente melhor que eu já comentou essa parada aqui e aqui. Vale a pena ler logo mais.

Robert Brice, em uma coluna comentando 5 verdades sobre aquecimento global manda essa perola de inacuidade científica:

The science is not settled, not by a long shot. Last month, scientists at CERN, the prestigious high-energy physics lab in Switzerland, reported that neutrinos might—repeat, might—travel faster than the speed of light. If serious scientists can question Einstein's theory of relativity, then there must be room for debate about the workings and complexities of the Earth's atmosphere.

“A ciência não tem um consenso, nem de longe. Mês passado cientistas no CERN, o renomado laboratório de física de alta energia na Suiça, escreveu uma reportagem de que neutrinos podem –repito, podem- viajar mais rápido que a velocidade da luz. Se cientistas sérios podem questionar a teoria da relatividade de Einstein, então deve haver espaço para debate sobre os trabalhos e complexidades da atmosfera da terra”

Muito bonito não?! Concordo plenamente!! Muita gente diz que o Corinthians nunca ganhou uma libertadores, mas se cientistas sérios podem assim, sem mais nem menos, questionar EINSTEIN, então deve haver espaço para debate sobre as nuancias e particularidades dos torneios de futebol (quem sabe até uma estrelinha no escudo, não?)

A piada é de mal gosto, mas reveladora! Por trás da afirmação jaz a mesma desconfiança em relação a ciência: “Paradigmas estão mudando o tempo todo, como podemos apreender coisas acerca da nossa realidade.”

Acho que a primeira resposta para dar para tal afirmação é a de que – ao menos em algum nível – nós simplesmente podemos. Ou você acha que comentaristas em mesas redondas deveriam estar discutindo se de fato o Corinthians nunca ganhou uma libertadores meeeeesmo?

Bem, física é mais difícil de discutir que futebol. E que legal que paradigmas nessa ciência estão sendo quebrados a torto e a direito (Será mesmo??). Físicos devem estar absolutamente extasiados!!

Bem, mas vamos supor por um instante que neutrinos realmente viajem mais rápido que a luz (o que provavelmente não é o caso). E que os físicos tivessem que derrubar uma base teórica para construir outra no lugar (de novo, muito provavelmente não é o caso). Será que jogariam Einstein no lixo? Não sei não, mas sei que o GPS no seu carro funciona que é uma beleza. A razão pela qual qualquer GPS não acumula, todos os dias, erros quilométricos é que as coordenadas de satélite, são corrigidas pela relatividade einsteiniana! A relatividade da certo! Funciona, ela explica uma porrada de coisa! Se os físicos tivessem que derrubar esse edificio, teriam de erguer um outro que explicasse tudo que a relatividade explica e mais os benditos neutrinos (de novo, provavelmente não vai acontecer nada disso).

[sobre GPS e relatividade]

(Em um parenteses é bom explicar: É por isso que não adianta perguntar “E se a teoria da evolução estiver errada?”. Se ela estiver errada, vamos ter que pensar em uma outra base teórica que explique tudo que a TE explica e mais o que ela não explicar. Isso inclui o fato de que espécies de seres vivos compartilham ancestrais).

Vamos ao próximo ponto: o fato de os fisicos terem ou não um consenso sobre neutrinos, não diz nada, nada, nada, nada, nada, nada sobre o consenso dos cientistas em relação a alterações climáticas antrópicas! Discussões que rólam no meio científico giram em torno de experimentos e evidências. Da mesma forma que discussões em mesas redondas de futebol giram em torno de resultados e lances gravados. Lógico existem as polemicas ocasionais, algumas das quais insoluveis mesmo depois de observadas com replay em câmera lenta e por vários ângulos. E lógico que alguns comentaristas têm lá seu viés. Mas se o jogo terminou 3X2, ninguém vai falar que não foi 3X2. Nesse sentido a ciência continua num nicho bem distinto da teologia (contrariando ainda outro tweet que lí por aí vindo de alguém que admiro).

Mais uma vez, a coisa é mais complicada que futebol. Mas esse é o primeiro post que vomito desde o começo do ano então acho que está bom parar por aqui não.

Quem quiser um blog com informações legais de físicas sugiro fortemente o blog do Sean Carrol

Paz

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Chamada para textos – revista eletrônica Espiritualidade Libertária n. 3 (1. sem. 2011)


A revista Espiritualidade Libertária está chegando à sua terceira edição. Ela teve inicio a partir dos dialogos e discussões que surgiram do grupo que se reunia (e ainda se reune) no centro cultural Vergueiro pra discutir, de forma sempre despretenciosa, assuntos acerca de espiritualidade e anarquia (para um breve balanço das tais reuniões clique AQUI). O dossiê temático da primeira edição foi "O pensamento de Jacques Ellul"; O tema da segunda edição foi "Gênero, sexualidade e religião". E o dossiê temático da presente edição é "Espiritualidade e Evolução Biológica" e, vocês já devem ter adivinhado, estou fazendo parte do corpo editorial!
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Já ouvi criticas de que o tema da revista foge um pouco do fóco que a públicação pretende ter, mas creio que a pluralidade dentro dos temas da revista reflete a pluralidade do próprio grupo de pessoas que têm se proposto a se sentar junto, conversar, discutir, planejar e agir e de vez em quando tomar uma cerveja junto. Além disso acho que essa revista pode contribuir de forma interessante para quem quer se posicionar nos relacionamentos, pontos de contato, atritos e brigas entre as ciências naturais e a religião. Minha vontade seria receber textos diversos de todo o tipo de gente conversando, discutindo e refletindo sobre as nossas descobertas acerca do mundo natural e em como isso influência em nossa Espiritualidade (ou falta dela) e visão de mundo.

Deêm uma olhada na chamada para texto AQUI


Convidamos vocês a participarem da nossa revista. Enviem seus textos até o dia 31 de maio de 2011 para o e-mail da revista. Neste número (n. 3 – 1. sem. 2011) teremos o dossiê: Espiritualidade & Evolução Biológica. No entanto, receberemos também textos para a seção livre. Vejam também o arquivo daChamada para textos com a Política Editorial da revista.

Para o dossiê Espiritualidade & Evolução Biológica, pedimos o envio de textos que busquem tanto um diálogo e interação entre o entendimento científico da realidade e a vivência espiritual, bem como a análise crítica de pontos de atrito nos quais o ponto de vista religioso e a análise científica parecem colidir. Em particular, o desenvolvimento, do movimento “Criacionista/Design-inteligente”, iniciado nos Estados Unidos, mas que tem se disseminado, particularmente no Brasil, no meio evangélico. Dado o espaço que tais grupos disseminando o Criacionismo/Design-Inteligente têm conseguido – uma matéria publicada em 2 de abril de 2010 na Folha de São Paulo (disponível na página:http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u715507.shtml) revelou que 25% dos entrevistados acreditam que o ser humano foi criado a partir de um ato sobrenatural há menos de 10 mil anos –, seria interessante abordar seus argumentos e objetivos, bem como o contexto social e histórico em que tais idéias se desenvolveram e se mantêm.

É importante ainda, abordar pontos de contato e pontes, nas quais o conhecimento científico, bem como o conhecimento teológico e filosófico, possam se aliar no papel de desvendar mais acerca da realidade que nos cerca. E ainda a capacidade do conhecimento científico em moldar e alterar a nossa visão de mundo e, portanto, a nossa vivência espiritual. Nas palavras de Carl Sagan:

Será que tentar perceber de alguma maneira o universo revela uma certa falta de humildade? Creio que é verdade que a humildade é a única resposta adequada perante o universo, mas não uma humildade que nos impeça de procurar descobrir a natureza do universo que estamos a admirar. Se procurarmos essa natureza, então o amor pode ser inspirado pela verdade, em vez de se basear na ignorância ou na auto-ilusão. Se existe um Deus criador, será que Ele ou Ela ou Isso ou seja qual for o pronome apropriado preferiria uma espécie de cepo embrutecido que o adorasse sem nada compreender? Ou preferiria que os seus devotos admirassem o universo real em toda a sua complexidade? Quanto a mim, parece-me que a ciência é, pelo menos parcialmente, adoração informada. (Carl Sagan in The Varieties of Scientific Experience: A Personal View of the Search for God. Nova York: The Penguin Press, 2006)

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We invite you to join us and collaborate with our online magazine. The deadline to submit papers is 31st May. To do so, please email them to the e-mail addressof the magazine. In this issue (n.3 – 1st semester 2011) we will be having a dossier: Spirituality and Biological Evolution. However, submitted papers for the free section will be welcomed as well. For further information see also the editorial policy followed by the magazine in the Call for Papers.

On the third edition of Espiritualidade Libertária, for the dossier Spirituality and Biological Evolution, we invite you to submit papers that seek dialogue and interaction between the scientific understanding of reality and spirituality, as well as a critical analysis of points of conflict in which the religious and scientific points of view seem to collide. In particular the development of the “Creationist/Inteligent-Design” movement, which first developed in the U.S., but has been spreading particularly amongst evangelicals. Given the space that these groups have gotten lately – the newspaper Folha de São Paulo published in April 2nd, 2010 a poll that revealed that 25% of people interviewed believe that human being was created from a single supernatural act of creation about 10.000 years ago (see:http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u715507.shtml) –, it would be interesting to approach critically they arguments and goals, as well as the social and historical context in which these ideas have first developed and spreaded.

It is important still to approach bridges and points of contact, in which the scientific knowledge, as well as theological and phylosofical knowledge, may ally in revealing more about the reality that surround us. And also the role of science to guide and influence our world view and hence our spirituality, in the words of Carl Sagan:

Does trying to understand the universe at all betray a lack of humility? I believe it is true that humility is the only just response in a confrontation with the universe, but not a humility that prevents us from seeking the nature of the universe we are admiring. If we seek that nature, then love can be informed by truth instead of being based on ignorance or self-deception. If a Creator God exists, would He or She or It or whatever the appropriate pronoun is, prefer a kind of sodden blockhead who worships while understanding nothing? Or would He prefer His votaries to admire the real universe in all its intricacy? I would suggest that science is, at least in part, informed worship. (Carl Sagan in The Varieties of Scientific Experience: A Personal View of the Search for God. New York: The Penguin Press, 2006)


Aguardo muitos textos e espero um resultado legal

Paz de Cristo

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

7 Bilhões

Video interessante da "National Geographic Magazine". Algo para se começar a pensar em 2011.

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Paz