quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

O Móbile?!


Tive a oportunidade de ouvir o Dr. Dirceu Paker no podcast do site irmãos.com falando a respeito de criacionismo e evolucionismo. A mesma ladainha de sempre: “segunda lei da termodinâmica”, “design inteligente”. Não assisti tudo, mas aposto que rolou aquele bom e velho argumento da “complexidade irredutível”, carbono 14 não funciona etc, etc, etc.
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Já havia assistido ao vivo a uma palestra com o Dr. Paker e não fiquei surpreso. No podcast, pelo menos, ele foi feliz em não repetir as terríveis piadinhas ofendendo corinthianos que ele não teve vergonha de proferir do alto do pupito de uma igreja.
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Você está descobrindo né? Sou um chatão quando o assunto é ciência X Fé (e futebol também!!) . Pergunte para a minha pequena, ela vai corroborar sua hipótese de que eu sou um chato, não vai nem piscar.
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Mesmo assim, não vou ficar falando que apenas uma compreensão errônea da segunda lei da termodinâmica é que faz as pessoas acharem que ela inviabiliza a evolução. Não vou ficar estudando para escrever aqui um texto longo sobre o big bang e radiação de fundo, não vou ler 10 papers da Nature sobre evolução. Sou chato, mas não cheguei nesse ponto ainda! O link to TalkOrigins está ai pra quem quiser (um belo site sem dúvida).
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Só queria comentar o que me deixa mesmo triste (e que alias eu comentei lá mesmo, no site irmãos.com). A ciência tem visto um universo que é acima de tudo, maravilhoso e livre. Uma criação cuja vasta complexidade e beleza impar não são frutos de passe de mágica, mas da própria natureza da matéria! Isso talvez pudesse levar alguns a uma visão pan-teísta. Mas seria essa natureza da matéria o fim em si mesmo? Não há algo por detrás da organização, do desenvolvimento e da vida? Ou será que podemos vislumbrar aí o Transcendente, e pela fé ter convicção de um Criador que, estando com a criação desde o principio, cria e a mantém e exerce sobre ela sua vontade de uma forma complexa e maravilhosa. Ao mesmo tempo, o Criador Amoroso dá total liberdade para a criação se desenvolver e ser tudo que Ele sabe que ela pode ser. É paradoxal, eu sei, mas duvido que Deus se importe. E é desse jeito que eu vejo sua obra aqui e agora! Pelos olhos da fé transcendemos o material.
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Bem, e tem gente que quer trocar essa maravilha toda por um universo “tirado da cartola”. Um universo “móbile”: estático, pronto e terminado. Esse móbile foi criado por um Deus que se reduz a um mágico e cuja obra só pode ser vislumbrada, em última análise, se retornarmos ao sombrio e desconhecido “abracadabra” inicial. Esse Deus mágico faz questão de só agir contra as leis naturais que ele mesmo criou, pois se não seria imperceptível, um Deus deísta.
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E aí ficamos nessa: “Como dá pra acreditar que de uma explosão saiu tanta organização?”* “Você precisa de mais fé para acreditar em evolução do que em criação”... Fico me perguntando de quê essas pessoas estão duvidando, se da ciência ou de Deus. Toda vez que eu ouço: “Não acredito que tudo isso tenha vindo de uma explosão” o que eu ouço é: “Duvido que Deus tenha sido capaz de criar tudo isso a partir de uma singularidade.”
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Michael Dowd disse que “Os fatos são a linguagem nativa de Deus”, não sei se isso é correto ou não. O que sei é que Deus não mente (Números 23:19).
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Para os que agora estão bradando: “E AS ESCRITURAS!!!”. Bem, podem me excomungar, mas não uso as escrituras para saber o peso atômico do chumbo, nem a constante gravitacional. Acho que elas são úteis para para “o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça.” (2 Timóteo 3:16). E isso é muito mais importante do que ciência.
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Bem, já fui um chato com isso tudo por muito tempo. Se existe alguém aí do outro lado da tela interessado, dê uma olhada nos meus outros textos. Espero que quem assista ao podcast se interesse em buscar mais e aprender mais e não se contente com “eu não acredito que tudo é obra do acaso”, pois quem mais lucra com esta sorte de argumentos são os proselitistas anti-religiosos**...


Amiguinhos, Amo vocês

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Paz de Cristo


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* Só para lembrar: big bang não foi “uma explosão”; evolução não é “obra do acaso”.
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** Opinião de uma amiga atéia (que não é "proselitista anti-religiosa"): “A crença em uma entidade criadora de tudo que tudo fez como por um passe de mágica, contradizendo toda e qualquer lei que ela mesma tenha imposto a esse universo, não faz nada mais que defender a idéia de que esse criador é ilógico e contraditório.”

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

HOFFNUNG VS GLAUBE


Quem volta e meia se engendra pelas intermináveis e nauseantes discussão “teísmo X ateísmo”, que geralmente têm como campo de batalha a rede, já ouviu aquela definição pejorativa de fé: “Fé é a crença na ocorrência do improvável mesmo na total ausência de evidência ou em posse de evidências contrárias a tal ocorrência”.

Tal declaração automática e não refletida geralmente é respondida, de forma ainda mais automática e não refletida, com Hebreus 11:1: “a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem”. E é verdade, existem diferenças sutis e claras entre as duas definições. Se me pedissem para aponta-las, não sei se conseguiria, agora tenho pensado bastante sobre essas definições aí.

“Fé é a crença na ocorrência do improvável mesmo na total ausência de evidência ou em posse de evidências contrárias a tal ocorrência”. Descobri que existe algo de muito verdadeiro nesta definição pejorativa de fé. De alguma forma a mente racional de qualquer teísta se ofende com o seu tom sarcástico: “Meu, nada a ver!”, ao mesmo tempo em que uma fagulhinha dentro de nós não parece ligar muito para a tal definição: “Bem... sim... Ê?”

Descobri então que a definição cima, não é péssima! Ao contrário, é ótima! Mas existe um detalhe de suma importância, um equívoco que, embora simples, possui conseqüências bastante grandes. Não se trata da definição de fé. É a definição de esperança!

Isso mesmo! Cá eu, creio que a esperança seja precisamente: “a crença na ocorrência do improvável mesmo na total ausência de evidência ou em posse de evidências contrárias a tal ocorrência”. Ou melhor: “a crença na ocorrência do improvável independentemente das evidências e/ou probabilidades”. Isso, eu acho, é uma péssima definição de fé, mas uma excelente definição de esperança!

Logo de cara se nota! Não é mais uma definição pejorativa. Você pode receber alguns insultos por ter uma fé cega. Mas uma esperança cega é quase que algo sagrado. O camarada pode passar o dia insultando a fé. A esperança é um conceito quase que intocável.

Conheço casos demais de gente que luta contra doença, alguns sem muita perspectiva. Os caras aqui do laboratório não ficam uma semana sem fazer um joguinho na mega-sena. Os Corinthianos esperam ansiosamente a estréia do Ronaldo Gordinho, e esperam que ele jogue no Paulistão como jogou um dia na Europa. Isso tudo é esperança! Isso tudo se encaixa muito bem na minha definição. Algumas dessas esperanças são vãs, outras são muito importantes. Mas são todas esperanças e nenhuma delas é reprovável. A esperança não olha a contingência, não olha o mundo, não liga. Ela, ora espera (como os Corinthianos esperam), ora age (como o Marcio e o Waldir aqui do laboratório que ficam horas a elaborar as mais intrincadas combinações para levar a mega-sena). A esperança é “a crença na ocorrência do improvável mesmo na total ausência de evidência ou em posse de evidências contrárias a tal ocorrência”. E isso, amiguinhos, é humano e é bom

Do outro lado temos a fé, que quando fecha os olhos pode ser perigosa causando preconceito, impulsionando homens bomba e movendo coisas diferentes de amor. Isso por que a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se veem.

Para o Cristão, a Fé é o que fundamenta a sua esperança (seja o agir, seja o esperar), e é a prova daquilo que não se vê! Para o Cristão a fé tem os olhos bem, bem abertos para toda a contingência. A fé vê o mundo, a fé vê as tretas, as coisas erradas, o terrível e dialoga com tudo isso! Como? 1) Com Amor agindo sempre com longanimidade e mansidão para o BEM e para a Vida e 2) Com Esperança! Sabendo que o futuro traz possibilidades e que Deus prometeu Justiça e Paz. Nada de tretas, nada de sisos inclusos, nada de morte. Se me pedem para explicar minha fé eu consigo, se me pedem para explicar minha Esperança, não.

A Esperança é cega, alguma coisa dentro da gente produz essa esperança tão alheia à realidade. Dizem por ai que ela é a última que morre e eu acredito. E sem essa esperança não se vive, não se tem porque.

A fé não é cega, para mim ela é crítica. Esta todo tempo explicando o mundo e por ele sendo explicada (ou não), sempre buscando o Transcendente, buscando, inutilmente conhecer aquilo que é indefinível. Leituras e re-leituras da Palavra de Deus, reflexões conversas e discussões. E é a Fé que fundamenta a Esperança do Cristão.

É isso aí amiguinhos.

Quero dedicar esse post: à todo pessoal do Y!Respostas (especialmente aos amigos do Gatosão), também à Nê e aos amigos aqui do instituto! Acho que nenhum deles vai ler isso aqui, mas não importa mesmo. Que róle uma esperança.
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Fiquem na Paz de Cristo

Amo vocês

domingo, 25 de janeiro de 2009

UMA COPONA



Chegou ao final a emocionante "Copa São Paulo de Futebol Juniors". Posso dizer que os jogos que tive a oportunidade de assistir foram belíssimos! Um futebol muito bom e gostoso de ver!





Melhor ainda foi o heptacampeonato do Sport Clube Corinthians Paulista que se concretizou a poucos instantes!

Com sofrimento, explusões e muita luta se concretiza, já no dia 25 de Janeiro, a primeira das esperanças Corinthianas para o ano de 2009. Uma cópinha, é verdade, mas um grande titulo



tomara que seja a primeira de muitas!


Parabéns CORINTHIANS






Queridos, fiquem na Paz, tenham um bom domingo

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

pra toda gente.

e tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor, como igualmente o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada, ao falar acerca destes assuntos, como, de fato, costuma fazer em todas as suas epístolas, nas quais há certas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam, como também deturpam as demais Escrituras, para a própria destruição deles.” (2 Pedro 3:15-16)

É engraçado né como os “evangelhos” podem ser vários. Alguém uma vez disse que existem na Bíblia, no duro, cinco evangélhos. Aqueles quatro (Mateus, Marcos, Lucas e João), e mais um. Este último é composto por todos os versículos grifados na sua Bíblia. E é neste que você acredita (ou eu, dependendo de quem for a Bíblia e quem é que fez os grifos).

Herético? Pode até ser, não sei. A gente se depara com tanta pluralidade dentro do Cristianismo, mesmo apenas dentro do lado protestantes, que fica difícil as vezes para mim explicar de outra forma: “eu e ele estamos grifando versículos diferentes da Bíblia”. E não estou nem me referindo aos neo-pentecostais, gregos ortodoxos, Católicos Carismáticos etc. Nunca nem sequer visitei comunidades de seguidores dessas abordagens a fé Cristã, bem como tantas outras.

Outro dia lí uma entrevista com o Pastor Franklin Graham – o cara que orou na posse do governo Bush, ele falou sobre Rick Warren, o cara que orou agora na posse do Obama. Bem, não li a entrevista inteira, parei na seguinte frase: “As pessoas da extrema esquerda odeiam Deus, eles odeiam Seus padrões e odeiam o nome de Seu Filho.” Não quero discutir o quão imbecil esse camarada é (se você me conhece, sabe que estou morrendo de vontade de demonstrar exatamente o tamanho da imbecilidade desse cara! Mas não vou). Meu argumento é o seguinte: ele deve estar grifando alguns versículos bastante diferentes na King James dele do que os que eu venho grifando na minha NVI.

Prioridades, doutrinas, ensinamentos, traduções e versículos... As vezes fica difícil. E é difícil mesmo! Não ta vendo 2a Pedro 3:16 aí pra nos dizer! Não é fácil não! Até Pedro achou algumas coisas que Paulo falou pra lá de complicadas.

Eu e minha pequena caminhamos juntos nessas coisas “de Bíblia” e temos confissões de fé realmente semelhantes. No duro acho que poderíamos resumir os pontos discordantes entre nós em uma meia dúzia de pontos (talvez um pouco mais ou um pouco menos), mas que às vezes fazem uma diferença interessante. Para exemplificar, poderia dizer que acho maneiro a espiritualidade dela e toda a sua treta com batalha espiritual e como ela vive a sua fé tão sintonizada com essas coisas. Cá eu, tenho viva minha fé de um jeito bem mais “intelectual”. Antes de classificar um jeito como “melhor” ou “pior” que o outro, fico muito feliz ao constatar que são duas abordagens complementaes*!

Sinceramente, não sei se ainda dou a mínima! É tanta doutrina, plano de salvação, escatologia, apologética, teologia sistemática, pneumatologia...

Felizmente Pedro não compartilha da minha displicente despreocupação frente a esses assuntos aí, e aponta claramente para os perigos em se fugir, ou viajar, ou não entender algumas coisas (taí um versiculo que eu poderia grifar na minha Bíblia né).

OK, então temos: eu, você caro leitor, nossos amiguinhos pentecostais, luteranos, anglicanos, metodistas o Dave Mustaine, gregos ortodoxos, carismáticos, o Pastor Graham, a banda Frost Like Ashes (ver foto), franciscanos, só pra começo de conversa! E toda essa gente querendo seguir a Cristo.

Não estou nem certo se essa gente lê a mesma Bíblia, vai saber que versículos esse pessoal têm grifado! Pra piorar, estamos todos de acordo com Pedro, de que Paulo escreveu uns trecos pra lá de complicados nas epístolas, embora discordemos de forma veemente em quesitos de política, performances musicais, e pentagramas (particularmente não gosto nada de pentagramas, ok)!

Qual me parece ser a solução? Bem... Dialogo... Sei lá se Pedro iria curtir Megadeth, sei lá se ele não ia morrer de medo do baixista do Frost Like Ashes (sério, se eu for num show desses caras não sei se consigiria dormir a noite), sei lá se ele não teria vontade de dar uns bons sopapos no Pastor Graham ou se ele acharia o meu blog bacana.... Mas dialogo é um bom começo para resolver todas essas tretas (o pastô Ed René Kivitz acha que a igreja deve ter uma liderança plural, cá eu, tenho uma abordagem mais libertária pra coisa toda).

E onde começar a dialogar? FACIL: “through the blood of Jesus Christ I was unleashed from the chains of sin and death” (Frost Like Ashes, Immortal). Diálogos começam pelos pontos em comum. E construções começam pela pedra angular, se baseiam nela e retornam sempre a ela.


É assim que se constrói: “Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo” ( Filipenses 1:6). O Espírito é bom para aparar as arestas, é importante deixar Ele trabalhar, lembrando de que nós não somos arquitetos, meramente peões nessa obra toda... Não é fácil, as plantas da obra são pra lá de dificeis de entender, e só com muito amor pra construir direito essas edificações. O negócio é começar sempre pela Pedra angular.
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é isso aí amiguinhos
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Amo vocês
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Paz de Cristo

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Os 10 PERIGOS do evolucionismo teísta

Li outro dia, neste site, uma listagem dos 10 perigos e heresias que podem ser trazidos por uma abordagem teísta à evolução darwiniana. Acho muito importante analisar criticamente toda a forma de pensamento Cristão e confronta-lo sempre com A Palavra de Deus e, ao iniciar a minha leitura, de fato um frio me desceu a espinha com medo dos perigos trazidos por essa abordagem (estaria eu errado?) (estaria eu brincando com fogo?).
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Alguns minutos depois respirei aliviado. A lista dos 10 perigos do evolucionismo teísta, no final das contas, é tão assustadora quanto a lista dos 10 perígos de se tomar leite e chupar manga ao mesmo tempo.
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Os problemas começam antes mesmo do inicio da lista: “No sistema de evolucionismo teísta, Deus não é o Senhor Onipotente de todas as coisas, cuja palavra foi levada com seriedade por todos os homens”. Sinceramente, a melhor resposta que consigo pensar é: “Quem disse?”. Com Darwin ou sem Darwin o Cristianismo é o mesmo, o Evangelho é o mesmo e Deus é o mesmo! O SENHOR Onipotente de todas as coisas (Proverbios 16:4, para citar 1 exemplo). Não tenho a pretensão de apontar as formas que Deus pode e não pode escolher para iniciar e manter a sua Criação de forma a parecer mais ou menos “Onipoptente” (particularmente acho que Deus, em sua Onipotência, não se preocupa muito em parecer Onipotente, Ele não tem nada para provar pra ninguém). De qualquer forma, o “evolucionismo teísta”, não é uma coisa nova ou diferente, é o mesmo velho Teísmo. Da mesma forma, um Cristão que aceite a teoria sintética da evolução não esta aceitando algo novo ou diferente. É o mesmo vinho! Nenhum odre precisa se romper! Mas acho que chegamos lá.
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Segundo ponto. O artigo menciona a evolução atéia e a evolução teísta. A evolução é uma só, quer você seja hindu, Cristão, ateu ou muçulmano. E ela é tão "ateia" quanto uma barra de tofú ou o processo de combustão.
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1)”Interpretação errônea da natureza de Deus”
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Comentário: Esse argumento é bastante comum tanto entre criacionistas quanto entre ateus. Ele vai requerer um espaço de reflexão um pouco maior e esta comentado em um post a parte, AQUI
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2) “Deus se torna um deus das lacunas”
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Comentário: Charles A. Coulson foi o cara que cunhou o termo "deus das lacunas".
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deus das lacunas é precisamente o deus que se mostra através do abracadabra, através do não explicado que é sempre tido como inexplicável. Onde entra a ciência o deus das lacunas foge e luta contra o avanço inexorável do nosso conhecimento.
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Um Cristianismo com uma abordagem evolucionista não cai nesse erro! Ele parte justamente do principio contrário, de que podemos ver o dedo de Deus em suas obras. Deus não está escondido nas sombras de nosso conhecimento, suas obras podem ser vistas hoje e agora(já discuti isso aqui). A constante gravitacional, a matéria, cada átomo e sua organização foi Deus quem fez, cada processo biológico (incluindo os processos evolutivos), sua dinâmica e mutabilidade, a minha vida, a sua vida, a Vida! Tudo ISSO foi DEUS quem fez, e todo mundo pode ver e constatar isso (Romanos 1:20, certo?). A assinatura de Deus na criação está na maravilha e na beleza que podemos ver, não nas coisas incompreensiveis que não podemos tanger.
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3)Negação de ensinamentos Bíblicos centrais
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Comentário: Esse é o velho argumento do “isso não esta de acordo com a Bíblia”, o que geralmente quer dizer: “isso não está de acordo com a MINHA interpretação da Bíblia”, nesse caso não é diferente. Muito antes de Darwin, Agostinho já dava uma interpretação alegórica ao Livro de Gênesis e ,antes desse, Orígenes. Não sou teólogo, ainda assim, uma interpretação literal dos primeiros capítulos do livro de Gênesis me parece indevida, com ou sem Charles Darwin. Para ser curto e grosso, o autor não estava querendo dar um relato cientifico e uma descrição literal dos primeiros acontecimentos. O fato de que o capítulo 1 e 2 de Gênesis ambos relatam de formas distintas a criação de Deus deixa claro, pelo menos, que uma interpretação 100% literal é impossivel.
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O livro de Gênesis esta lá para nos falar da Criação de Deus, para nos falar que em algum momento as coisas deram errado o ser humano pecou ao se afastar de Deus e ao buscar para si um cantinho onde Deus não intervisse (o que para mim parece um pecado beeeem mais terrível do que comer uma fruta). Você pode até não concordar com a minha interpretação, nem com Agostinho, nem Orígenes, nem C. S. Lewis (nenhum desses era “evolucionista teísta”, mas todos não tinham problema nenhum em aceitar uma interpretação não literal do relato da Criação em Gênesis), mas você não pode dizer que isso nega ensinamentos Bíblicos centrais (eu pelo menos nunca fiquei sabendo de nenhum ensinamento bíblico central ferido pela abordagem não literal do relato da Criação...)
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4) Perda do caminho para se encontrar Deus
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Comentário: O argumento é basicamente o seguinte: “Se o Gênesis é uma alegoria, então a queda do homem também é uma alegoria, então o pecado também é uma alegoria. E dessa forma do que, afinal de contas, Jesus veio nos salvar ao morrer na Cruz por todos nos? O sacrifício da crucificação de Cristo perde todo o sentido pois o pecado do homem passa a ser apenas uma alegoria” .Me sinto até constrangido de ter que apontar isso para pessoas formadas em teologia e craques em hermenêutica e toda a sorte de interpretação de texto, mas o negócio é que o fato de uma história ser uma alegoria, não significa que o que ela representa seja também alegórico! Isso é meio óbvio...
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Se lembra quando Jesus Contou a parábola do filho pródigo? Bem nunca conheci um Cristão que me dissesse que o fato de os Cristãos acreditarem que a história do filho pródigo é uma parábola, ou uma alegoria, minasse doutrinas centrais do Cristianismo! De fato, nunca conheci um Cristão que achasse que Jesus estava se referindo, ao contar a parábola do filho pródigo, a acontecimentos literais. Agora, se usarmos a mesma lógica do argumento a cima, vamos chegar a conclusão de que: “Jesus, ao contar a parabola não literal e alegórica do filho pródico, estava fazendo uma alegoria sobre o Amor e o Perdão de Deus e portanto o Amor e o Perdão de Deus também são alegóricos.” Fez sentido? Não né!
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O relato da Criação é uma alegoria sobre a criação de Deus, o pecado e o afastamento de Deus por parte do homem. No entanto, tanto o fato de que Deus criou quanto o pecado e o afastamento de Deus por parte do homem continuam sendo BASTANTE literais. Uma oração e o Espirito de Deus fica feliz em nos mostrar precisamente o que Jesus veio fazer nesse mundo caído. Com Darwin ou sem Darwin.
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5)A doutrina da encarnação de Deus é comprometida
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Comentário: Sinceramente não sei o que comentar... A única resposta sensata que posso dar é: NÃO. O site não apresenta qualquer argumento a respeito desse “perigo”, então não me sinto comprometido a ir além em minha contra-argumentação: A doutrina da encarnação não é comprometida pela evolução darwiniana de forma alguma.
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6) A reedenção dos pecados através de Jesus Cristo é apresentada como um mito
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Comentário: Já vimos isso no ponto (4). Mais uma vez, creio que o relato da queda do homem é um dos mais verdadeiros e ricos de toda a Bíblia! Fico absolutamente pasmo com o fato de que um relato tribal escrito a mais de 10000 anos seja a resposta mais satisfatória que encontrei para a pergunta: “por que a humanidade é assim?”. E o fato de eu não acreditar que a passagem descreva eventos literais não altera isso. O homem pecou e se afastou de Deus, Jesus Cristo, filho unigênito de Deus, bem como Deus encarnado (viram só, nenhum problema aqui), veio consertar isso. Poderíamos ficar discutindo o resto do dia sobre o umbigo de Adão, não mudaria nada.
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7)Perda da cronologia Bíblica
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Comentário: Mais uma vez o argumento do “não está de acordo com a Bíblia”, que na verdade quer dizer: “Não está de acordo com a MINHA interpretação da Bíblia”. Eu poderia dizer que “Para Deus 1 dia é como 1000 anos” (Salmos 90:4), mas também acho que isso tiraria o versículo do contexto. A verdade é que Deus está na eternidade, fora do tempo (fique 10 minutos tentando entender isso e depois mais 10 minutos tentando entender a trindade, é loucura meu).
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Deus cria o tempo, cria o novo em mantém absolutamente tudo. Tudo teve um começo e vai ter um fim (é legal observar que hoje os físicos que estudam o big bang dizem precisamente isso, que antes do inicio do universo não havia tempo!). Para maiores comentários e brisas sobre tempo e eternidade eu recomendo “Confissões” de Agostinho.
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8)Perda dos conceitos de criação
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Comentário: Os perigos (8) e (9) estão aqui listados, creio eu, devido a um dos grandes perigos à que estão sujeitos os pensadores criacionistas, o de fazer da Bíblia um livro de ciências. De fato ela não é, e não deve ser interpretada como tal. Sendo assim uma interpretação não literal dos primeiros capítulos do livro de Gênesis não fere de forma alguma a Doutrina da Criação. De fato, Creio em Deus Todo Poderoso, Criador dos Céus e da Terra.
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9)Interpretação errônea da realidade
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Comentário: Hey, a culpa não é minha! São essas malditas EVIDÊNCIAS que ficam zoando com a minha cabeça!
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10) Não "sacar" o propósito
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Comentário: Que salada... Queridos, é bem verdade que a evolução não é um processo direcionado. Agora isso de forma alguma nega o proposito de Deus para a Vida humana (e mesmo para o resto da criação). A ciência não nos mostra o proposito para a existência humana, ela simplesmente não tem essa função. Para isso o homem busca o Transcendente e o espiritual em sua vida. O evolucionismo teísta é uma tentativa de realizar um dialogo produtivo entre o conhecimento espiritual e o científico, ela não nega a existência de um propósito.
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Conclusão
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De coração, fico muito chateado com essa rixa de "evolucionistas e criacionistas". Não quero fazer a cabeça de ninguém, apenas mostrar que a evolução não é um monstro de sete cabeças (como alguns pintam), e, como todo o conhecimento científico, ela é muito mais amigável ao pensamento Cristão do que muitos crentes e ateus gostariam que ela fosse.
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é isso aí amiguinhos, amo vocês

Paz de Cristo


Algumas leituras recomendadas:
-Finding Darwins God - Kenneth Miller
-Linguagem de Deus - Francis Collins
-Deus Após Darwin - John F. Haught
-Criação e Evolução 3 pontos de vista - J. P. Moreland e John Mark Reynolds
-O Delírio de Dawkins - Alister McGrath & Joanna McGrath
-O Problema do Sofrimento - C. S. Lewis
-Confissões - Agostinho
-Fundamentos do dialogo entre Ciência e Religião - Alister E. Mcgrath
-E (cosidero este importante) a Bíblia

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

O primeiro PERIGO

Nesse post vou comentar o primeiro dos 10 perigos do evolucionismo teísta
Os outros 9 serão discutidos no post a seguir (sugiro que você comece pelo outro post, depois venha para cá... mas se quiser fazer na ordem, sinta-se a vontade)
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1)Interpretação da natureza de Deus.

Esse primeiro "PERIGO" da saudável conciliação entre fé Cristã e a teoria Evolutiva merece uma discussão mais prolongada, não por ser ele genuinamente perigoso, mas por ser exatamente neste ponto que a compreensão de muitas pessoas tem que se estender um pouquinho além (não além da Bíblia, mas além do que pensamos como Cristãos).

Bem, o argumento é o seguinte: "O Deus do evolucionismo teísta escolheu a forma mais desajeitada e cruel para moldar suas criaturas e criar as diferentes espécies. Milhões de anos, mortes de grupos inteiros de animais decorreram antes que Deus pudesse achar uma criatura "à sua imagem e semelhança" e lhe dar alma e espirito. Isso tudo não é coisa que um Deus 100% BOM e 100% amoroso faria, logo evolucionistas teístas tem uma idéia erronea da natureza de Deus". O argumento é interessante (bem mais que os outros), e é amplamente utilizado tanto por criacionistas como por ateus.

Charles Darwin, ao análisar a Biologia de uma vespa parasitóide (cujo ciclo de vida envolve colocar o ovo em um outro inseto para que a larva, ao eclodir do ovo consuma o inseto hospedeiro vivo de forma lenta e dolorosa), chegou à conclusão de que "um Deus de amor simplesmente não poderia ter criado aquele bicho". Poderiamos, a partir daí, entrar numa discussão bacana a respeito de teologia natural e sua validade hoje. Mas não é ai que quero chegar. O que eu quero dizer é que o Cristianismo tem uma resposta Ótima para a condição e o sofrimento humanos (contida lá em Gênesis), mas uma resposta que eu considero fraca para a condição e o sofrimento animal. A Bíblia fala muito pouco a respeito (faz sentido se pensarmos que animais não sabem ler), Paulo em sua Epistola aos Romanos (capítulo 8), menciona uma criação que foi submetida à vaidade (quero voltar mais tarde para esse importante trecho Bíblico). Fora Paulo, e o comentario de Darwin que citei, me recordo que C. S. Lewis aborde esse tema em um capítulo de seu livro "O Problema do Sofrimento".

Bem, mas qual é, afinal de contas, a visão Cristã "tradicional" (e por tradicional estou me referindo à "aquela que eu mais ouço por aí") a respeito do estado e da condição de todo o resto da Criação?

É mais ou menos assim: "O Éden era perfeitamente harmônico e todos os animais eram herbívoros, não havia nenhuma relação ecológica desarmônica como predatismo ou parasitismo além da herbivoria. Com a queda do homem, as consequências do pecado se espalharam por TODA a criação afetando drasticamente seu modo de vida e introduzindo a morte e todas as relações aberrantes entre seres vivos."

Essa visão levanta algumas questões interessantes e dificeis de responder:

1)PORQUE?

Se o "Deus evolucionista" não parece muito amoroso a primeira vista, o "Deus criacionista" não me parece muito justo, condenando toda a vida de um planeta aos mais terríveis sofrimentos por conta de uma única espécie. Posso muito facilmente entender a contaminação pelo pecado e seu poder destrutivo. Mas as consequencias me parecem por demais arbitrárias. Porque as vespas de Darwin, por exemplo acabaram com um modo de vida tão repugnatnte aos nossos olhos? Por que observamos em algumas espécies habitos que para nós são tão terríveis? Canibalismo, parasitismo etc?

2)Como?

De que forma a queda afetou criaturas como bactérias patogênicas, virus (que são obrigatóriamente parasitas), nematódeos parasitas, carrapatos etc? De que forma ela afetou genes cuja mutação pode causar doenças? De que forma ela afetou transposons? Sera que eles não existiam antes da queda? São também eles frutos do pecado? Alguém consegue imaginar uma tênia de vida livre e herbivora? Por que terrível transformação teria ela passado para se tornar um parasita que vive dentro do intestino de seres humanos e outros animais?

3)O que fazer com a Criação decaída?

Se todas as relações predatórias entre seres vivos são fruto exclusivo do pecado, se a competição é fruto exclusivo do pecado, então os Cristãos devem, ao observar um bosque ou uma floresta se dar conta que estão vendo o mais horrível exemplo de decadência e morte que pode ser observado! Pense na floresta amazônica. A cada segundo ali toda sorte de ser vivo está brutalmente lutando pela sobrevivencia! Plantas "brigam" por um espaço ao sol, insetos comem uns aos outros e correm para não serem eles mesmo comidos, roedores se escondem para não serem predados e sofrem com ataques de carrapatos e pulgas. O dever do Cristão seria então cimentar toda aquela "vil nódoa de pecado"? Essa visão teologica é, para mim, total e absolutamente inaceitável!

Vejo que o dificil não é conciliar Deus à evolução! O díficil (como sempre), é conciliar Deus ao sofrimento (nesse caso, não o sofrimento humano, mas aquele imputado à criação)! Vejo que temos que rever nossos pensamentos não "por causa da evolução", mas à luz do que temos descoberto uma vez que as respostas que temos não parecem bastar.

Mas vamos analisar melhor o problema. Em primeiro lugar, não estariamos tomando uma visão antropocêntrica da coisa toda? Estamos julgando os habitos e modos de vida das criaturas como mais ou menos "terríveis" como se elas fossem humanas! Elas não o são! De fato, para nós a visão de uma zebra sendo atacada e devorada por um bando de leões famintos na savana pode parecer terrível. Mas para os leões não, e nem mesmo para as zebras! Eles não tem idéia do que seja "terrível"

O exemplo mais "repugnante" de um comportamento animal de que tenho noticia é o dos tubarões mangona. Algumas espécies deles praticam a adelfofagia. O que é isso?

Bem, a coisa é mais ou menos assim: Os tubarões copulam e a mamãe tubarõa é vivipara (os ovos se desenvolvem dentro da mãmae e a cria sai da mãe jã "nadando", o animal portanto não bota ovos. É "parecido" com o que ocorre nos mamíferos só que sem a parte da amamentação). A mamãe tubaroa tem váaaaaarios tubaroezinhos na pança, só que não há vitelo (alimento) suficiente para todos eles lá dentro (ela não possui uma placenta bacana como as nossas mamães um dia tiveram). O que acontece a seguir? Um dos tubaroezinhos se desenvolve antes dos outros dentro da pança da mamãe e devora os irmãozinhos lá dentro mesmo!

Imagine isso acontecendo com seres humanos? Seria possivel para o papai e para a mamãe que pensaram que iam ter filhos gemeos, ou mesmo trigemeos, amar o único filho sobrevivente de uma luta canibal intra-uterina?

Só que, mais uma vez, tubarões mangona não são gente! O que para nós é terrível para eles é perfeitamente normal! É o modo que eles acharam para se perpetuar e viver! Não podemos julgar isso como "terrível" ou "horroroso".

E o Deus que criou tudo? Como não "interpretar erroneamente a sua natureza" como fez Darwin?

A única resposta que vejo é partir de uma perspectiva maior! É partir de uma perspectiva evolutiva!

O habíto de vida dos tubarões mangona não é terrível, não é consequencia das faltas de uma espécie de ser vivo com a qual este tubarão mal tem contato (a esmagadora maioria dos tubarões mangona nunca viu um ser humano e vice versa). É meramente a resposta que esta espécie encontrou para viver, para se perpetuar, e ela é curiosa e única. E o Deus que criou essas possibilidades (um Deus de possibilidades sem dúvida), é um Deus grandioso, um Deus que sustenta a vida mesmo apesar da morte, mesmo atráves da morte! Será que isso é um interpretação erronea da natureza do Deus que se deixou crucificar em nome do Amor e da Vida? Acho que não.

E assim é a evolução das espécies! Ela não traz morte, ela perpetua a vida mesmo apesar de todos os revéses!

Imaginem que o Bush, em seu ultimo ato como presidente dos EUA, resolvesse jogar napalm por TODA a floresta amazônica! Ele pode não pode? Ele iria então se achar igual Deus com o pleno poder de destruição que só o presidente dos EUA TEM! E ele conseguiria? Ele conseguiria elimar TODA a vida? Graças a evolução podemos dizer: Não!
Ele até poderia jogar napalm por tudo, matar milhoes de milhoes de espécies, a maioria das quais nunca foi nem descrita (não estou brincando). Mas eu digo com esperança e louvando AO SENHOR MEU DEUS! Algo iria sobreviver (muito provavelmente uma barata ou um mosquito), a vida ia se safar, mesmo da destruição e do mal. E não apenas se safar, ela iria se perpetuar! A vida, mesmo apesar de todas as tratas iria responder o chamado de se perpetuar e encher a terra. E ela iria se adaptar e se manter! Pode levar milhões de anos, Deus espera, mas algum dia toda aquela vida iria se fazer NOVA!

Evolução é mais uma a prova de que Deus esta do lado da Vida, de que Ele faz NOVAS todas as coisas. Mais do que Criador, Ele é Criador e mantenedor de toda a vida. Lembra do que Paulo disse lá em Romanos 8:20-23? Acho que a minha visão da criação está de acordo com o que Paulo disse também! De que a Criação foi sujeita à vaidade; de que a criação geme como em dores do parto (dores que doem pra burro, mas que no fim das contas trazem VIDA); de que a criação, como nós, espera o dia em que tudo isso vai acabar, o dia em que nos libertaremos das ultimas tretas trazidas a nós pela decadência graças ao Senhor Jesus Cristo!

Darwin estava errado! Quem criou aquela vespa foi um Deus de Amor no final das contas. Não é necessário esquecer da Bíblia para se aceitar "a luta pela sobrevivência" no mundo natural. Porque da luta de morte pela qual a vida passa, graças a evolução, surge a vida e o novo. A morte do coração, essa é problematica, essa precisa de ser resolvida.

Talvez precisemos pensar melhor a respeito de nossos conceitos de harmonia ao nos referirmos do mundo natural, talvez tenhamos que olhar de um jeito novo para alguns trechos Bíblicos, não para descartar seus ensinamentos, nem para "adquá-los ao mundo", mas, pedindo Sabedoria ao Espirito, para entendermos melhor toda a Criação e o Deus que a Criou. sempre através da Sua Palavra Viva, sempre através do que a Criação refletir de seu Deus.
Continue aqui, lendo o resto dos perigos.
Paz de Cristo

domingo, 11 de janeiro de 2009

De porque bombardeios devem ser respondidos com sapatadas

“Desde os dias de João Batista até agora, o Reino dos Céus sofre violência, e violentos se apoderam dele.” (Mateus 11:12. Bíblia de Jerusalém)

Outro dia lí esse versículo... Não entendi nada... Desde então ando refletindo bastante sobre ele. Até porque, tirando a reforma ortográfica, 2009 só nos trouxe nas manchetes de jornais um bando de gente que acha que pode se apoderar do Reino dos Céus através de violência.

E é verdade não é? Até aquele momento na Palestina eternizado e cristalizado no tempo com o nome de “Mateus 11:12”, se fazia violência ao Reino dos Céus, e os violentos é que se apoderavam dele.

Me recordo do Rei Davi, que foi viver um tempo com os Filisteus, ludibriava eles, matava homens e mulheres. Me recordo do ataque kamikase de Sansão e de todas as guerras e tretas que o povo de Israel lutou desde o começo. Me recordo dos salmos em que o salmista clama por vingança. Me recordo até mesmo do livro Apócrifo de Judite (deuterocanônico dependendo do apito que você apita), na qual a heroína engana, seduz e decapita um grande general de uma nação ímpia.

Desde os tempos de João Batista (e acredito que João Batista esteja aqui representando “os profetas”, até porque no versículo 14 ele é identificado com Elias), violentos se apoderavam do Reino dos Céus. Será que Saramago estava certo quando disse que a Bíblia estava repleta de maus exemplos? E onde estão, então, os bons exemplos? Não é a luta pela liberdade um bom exemplo? Fazer guerra contra a opressão não é um bom exemplo?
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Lutar, ainda que seja por justiça, sempre implicou em luta. Guerrear, ainda que seja pelo Reino, sempre implicou em guerra. Rebelar-se, ainda que seja para atingir a liberdade, implica em forcas e guilhotinas.

Sabe, conheci uma menina Cristã que apoiava a luta armada como forma válida para acabar com o sistema opressor e maligno em que vivemos. Não a julgo, até porque, no pouco tempo em que conversamos ela me pareceu uma moça bem bacana, gente boa e uma Cristã de Fé (não é um nó cego cabeção como eu quem vai apontar o dedo). Além do que, a indignação dela é muito sadia para qualquer um que decide seguir a Cristo. Mas digo que discordo dela.

Brecht sabia (aposto que Davi também sabia), “o ódio contra a baixeza também endurece os rostos! A cólera contra a injustiça também faz a voz ficar rouca!”

O que essa gente toda não sabe (e o que muita criança Palestina vai morrer sem ter a chance de ficar sabendo), é que não é mais pra ser assim. Em algum lugar lá perto de Mateus 11:12 essa história muda! O Reino dos Céus não se concretiza na base da porrada! Matar mulheres e crianças palestinas não ajuda (dãh), se fazer de homem bomba por uma causa qualquer também não ajuda; até mesmo enforcar o último governante nas tripas do último sacerdote (que a principio pode parecer uma ótima ideia*), também não é a maneira de se proceder para se chegar ao Reino (ou se trazer o Reino).

Que fazer então?

Fugir do mundo como o diabo foge da Cruz e esperar que o Reino venha... afinal de contas ele virá mesmo?

Se resignar com tantos que de veias abertas e dentes cerrados, sofrem, com tanta coisa zuada, com tanta merda que acontece?

NÃO!

Desde os dias de João Batista até agora, o Reino dos Céus sofre violência, e mesmo enquanto escrevo, ainda os violentos tentam se apoderar dele. Altivos e donos da Verdade como se a Verdade fosse um conceito e não uma Pessoa, eles tentam estabelecer o reino na base da porrada. Mas o reino é o reino deles, não dEle, não o Reino da Verdade.

E como então lutar contra os violentos sem se tornar um violento? Como se irar com a injustiça sem que todos os músculos da face fiquem irremediavelmente endurecidos? Como bradar contra a opressão sem que a voz fique rouca? Como endurecer sem jamais perder a ternura?

“aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanço para vossas almas” (Mateus 11:28). Quem disse isso foi o camarada que veio colocar pai contra filho, que veio trazer espada e não paz à terra; e, de forma paradoxal, é chamado de Príncipe da Paz, e nos deu Paz, de forma abundante. Ele nunca se resignou! Ficou bastante nervoso com as falcatruas que rolavam naquele tempo, foi sarcástico com os discípulos que não sacavam, tirava com a cara dos fariseus. Ele uniu zelotas e publicanos sob uma mesma Esperança, um mesmo Reino! Temos mesmo que aprender com Ele: humilde de coração e manso. E ao mesmo tempo nunca se resignou, NUNCA deixou de se indignar com a injustiça, NUNCA hesitou em expulsar aos pontapés os vendedores do templo.

O negócio é que muita coisa mudou, não sei precisar quando foi exatamente, mas sem dúvida que foi por volta de Mateus 11:12, o Reino de Deus passou a ser propriedade dos pobres de espírito, humildes e mansos. E o visto dos violentos expirou (será que esse pessoal de fato chegou a ter um “visto”...)

Queria ter escrito um texto bonito e tocante sobre as imagens de crianças palestinas mortas em ataques, mas, no duro, só consigo dizer que isso é mesmo uma merda. E a indignação que me move, não me move para a violência, mas para o amor, para a compaixão (e bem sei que talvez seja tempo de deixar de lado a mansidão e distribuir alguns bons pontapés), ainda assim, sinto que sem o amor, nada pode ser feito.

Me parece que indignação, sem amor, fé e esperança, é um negócio meio vazio (a mesma coisa parece acontecer com Rock’n’Roll e com sexo...).


Chego até aqui, não consigo ir além. Até por que minhas reflexões acabaram sendo sobre violência em geral e não sobre o caso específico ao qual temos assistido nestes últimos dias na Palestina.

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Paz de Cristo amiguinhos.
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E que também as tretas de Cristo sejam nossas...
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Amo vocês
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*Sim... idêia

Addicted to chaos... e outras orações punks

(Escrevi isso tudo já há algum tempo. De longe pessoal e dramatico demais para eu postar no meu blog... Mas dando uma olhada, me dei conta que tem algumas coisas boas aí no meio. Deus, volta e meia, ainda recebe de mim alguma correspondência punk. Tenciono a pensar que não sou o único. Portanto disponibilizo aqui alguns momentos da mais honesta fraqueza, na esperança de que alguém se identifique comigo e, assim como eu, esteja vencendo o caos apesar das orações caóticas e através delas).



Bom Deus.

Eu não me agüento mais, acho que Você também deve estar de pavio curto comigo. Sinto que é inútil, sinto que não há esperança e é este o pior de todos os sentimentos.

Sinto que estou perdendo, sinto que estou caindo, sinto que não há muito o que fazer.

Sinto saudades. Saudades de um outro tempo. Um tempo contigo, um tempo de esperanças (muita esperança) e de coração leve. Um tempo com Você, cheio de promessas e de vida, cheio de perspectivas.

Mas de uma hora para outra as coisas minguaram, fui eu quem virou as costas, eu sei, como tantas e tantas vezes antes.

Quebrei acordos, descumpri regras, trai, esqueci promessas.

Me esqueci de todo um jeito de viver ao qual até então tinha me comprometido e resolvi viver pra mim.

Quando a coisa apertou eu caí feio, e quando eu caí é porque a situação já estava preta. Eu não olhava mais para o céu, eu não olhava mais para Você.

Todo jeito de viver, toda a esperança, toda a promessa, toda vida agora parecem distantes.

Será que o céu esta mais longe?
Será que você ficou mais quieto?

E eu que um dia sonhei grande com sonhos para nós (para todos nós), agora não sonho mais nada, não quero mais nada. Quero enfiar a cabeça num buraco e lá ficar. Enfiar o talento num buraco e lá deixar.

Vou pedir perdão. E quantas vezes mais escrever cartas como esta? E quantas vezes mais fazer orações parecidas? Quantas vezes mais construirei castelos de areia? Castelos estes construídos sobre a rocha é verdade, pois não são as ondas que os destroem, sou eu mesmo.

Em outros tempos, já mais de uma vez, eu fiz direito! Mais de uma vez! Graças só a Ti (disso eu sei). Graças só a Ti fiz direito e mantive minha alma, vida, corpo e tudo graças a Ti.

Hoje sinto isso distante, hoje eu me sinto morno. Me sinto como que parado no meio do caminho, cansado de carregar toda a carga que eu mesmo fiz questão de por no meu próprio lombo.

Que fazer?

Desistir? Como, se não há NENHUM outro lugar para se ir

Ficar aqui parado? Enterrar o talento enquanto existe um mundo lá fora que precisa ser vivido, vivificado, amado, experimentado, remido? Me sinto tentado... Medo do meu Senhor Severo, sem dúvida. Outrora já me senti um servo do tipo “esperto”. Hoje tenho medo que meus investimentos acabem em prejuízo ao invés de lucro. Veja só, meu próprio coração em crise financeira! É... eu não sei o que fazer

Seguir em frente carregando tão pesada carga? Apenas para daqui alguns passos mal dados ficar novamente estafado e cair de cara no chão e comer poeira? É uma alternativa de tudo miserável.

Pedir que carregues para mim a carga pesada enquanto caminhamos lado a lado ao longo do caminho? Sim, está lá no livrinho de capa preta. Mas sejamos sinceros: DE NOVO?!

Bom Jesus! Temo que amanha mesmo meu coração mau tenha acumulado quantidade ainda mais pesada de tralhas que as que carrego agora no lombo! Temo investir mal o talento que me deste e temo a tua severidade.

Temo, temo, temo

Um abismo puxa outro abismo e logo é como se eu não mais Te conhecesse.

De fato, o pecado enche o coração de medo indevido, medo besta!

E Você já sabe exatamente quantas vezes mais vamos ter essa conversa, quantas vezes mais vou derramar lágrimas, quantas vezes mais minhas promessas eu vou quebrar e os sonhos esquecer. E já sabendo tudo isso você veio até mim me buscar... Juro, as vezes penso que Você é bobo...

Mas não é bobeira, é Amor. O bobo sou eu por não sentir o Amor, só medo. Um abismo puxa outro abismo e eu sinto medo. Não é certo, não é bom e mostra que te conheço mal. Ainda assim... Um abismo puxa outro abismo...

Que resta?

O medo é indevido. Deus já bem sabe dos investimentos escabrosos, das conversas, lágrimas, quedas e abobrinhas. Sabe até que eu chamei Ele de bobo... Ainda assim, cá estamos.

Resta o orgulho...

Mais uma vez, mais uma queda. DE NOVO! “Vem cá meu filho, você está Me enrolando?” O pior é que não, sou nó cego mesmo...

Mais uma vez, mais uma conversa, mais uma vez o coração partido cheio de lixo dentro eu Te entrego como se fosse a primeira.

E no meio do pedido de perdão faço uma pergunta para mim mesmo: “Será que estaremos conversando sobre isso de novo semana que vem?”. Minha alma geme: “NÃO! Por favor, não!” e eu faço disso uma oração.

“Deus, mal aê”, é isso. Sem promessas, sem sonhos. Não é muito satisfatório. Não parece haver mais nada a dizer, mas o silêncio invade tudo e eu tenho que pensar antes de saber como continuar: “tem um negócio que eu preciso que Você carregue para mim. Pesa umas 2 toneladas, e as vezes monta nas minhas costas e me arde nos ossos... chega de mansinho e pousa atrás da orelha, deve ter umas 2 toneladas”... “É o mesmo da semana passada, deve ter engordado um bocado - vai saber o que essa coisa anda comendo- Eu... Eu queria me ver livre disso aí, sério mesmo... O negócio pesa umas 3 toneladas...”... “Eu andaria mais leve sem isso, sem essas conversas. Bem, é isso”.

Mas ainda não é isso. A conversa séria dura alguns minutos a mais e assim acaba e para mim não há mais nada a dizer.
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Graça, muita Graça. E a Paz de Cristo amiguinhos
Amo vocês

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

de porque eu não acredito em "Feliz ano novo"

(conforme eu prometi aqui, escrevo minhas considerações de "ano novo")
Era para começar bem o ano, foi o que medisseram. "Começar bem o ano"...
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Xíííí, acho que já era... Não comecei bem o ano...
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Alias, estou muito "anti" começar bem o ano! Estou meio farto de esperanças vãs de que "esse ano tudo vai mudar" uma vez que eu passei este ano da mesma forma que passei o ano passado e o ano anterior. Já escrevi uma vez em algum lugar: "essas coisas não acontecem de um dia pro outro, acontecem todos os dias!"
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Queria dizer que para mim mesmo "2009 vai começar amanha", mas não importa! 2009 é uma data, é um número, não significa nada!
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Declaro Guerra aos deuses sombrios do calendário! Não vou pular ondinha, não vou comer lentilha (droga, eu comi lentilha), não vou arquitetar planos para 2009 que eu já não tivesse em 2008, não vou "começar regime na segunda", nem vou "mudar as coisas em 2009", não vou fazer sequer uma promessa, não vou me propor uma meta sequer, não vou adotar as novas regras gramaticais! Me recuso!
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"Ano novo, vida nova" que coisa mais mentirosa!
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Vou mudar as coisas todos os dias, vou viver as coisas e viver as mudanças! Cansei! Nesse novo ano tudo ia mudar e hoje me parece que eu acordei de novo em 2008 aqui em casa! É por que os deuses do calendário (como todos os deuses sombrios), não cumprem promessas! Vou começar agora, num momento em que o relógio esta correndo, já perdi 1 dia de 2009, mas não importa, os anos não me cobram ainda, e, se há um Deus misericordioso, eles nunca vão me cobrar (talvez cobrem meu corpo e da minha vista cansada, mas jamais da minha alma e do meu espirito).
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... a única coisa que muda de um dia para outro é o calendario. O resto tem que ser mudado a cada dia.
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Ano novo não existe! Existem dias novos, momentos novos, vidas novas! O calendário não faz tudo novo, o calendário faz tudo igual. Quem faz tudo novo é Deus, e a gente, quando a gente mergulha na novidade e aceita ser feito novo!
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Paz de Cristo

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Aproximação Despretenciosa de Cristãos Libertários e Simpatizantes

Em primeiro lugar: Feliz ano novo queridos leitores.

Das minhas presentes crises com essa história de "ano novo", e do meu ceticismo em relação àquela velha e mentirosa história de "ano novo, vida nova", prometo que falarei mais adiante.

Por enquanto vou apenas fazer, mais uma vez o meu "merchan" das Aproximações Despretenciosas de Cristãos Libertários e Simpatizantes, que tem rolado mensalmente no Centro Cultural Vergueiro. Se o leitor puder, eu exorto que ele considere seriamente aparecer numa dessas reuniões, elas são bem bacanas e sempre acontecem umas discussões interessantes. Todos são bem vindos!
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Queridos, Fiquem com a Paz de Cristo

E vejamos se nós conseguimos fazer desse "ano novo" algo verdadeiramente NOVO, beleza?

Amo vocês